Após lançar o excelente Almanaque Anos 70 (leia crítica em Mondo Pop), Ana Maria Bahiana comemora a pré-estréia de seu primeiro filme, 1972 , que ocorreu no 30ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. A atração deve entrar em breve no circuito comercial, e conta a história de um casal que se conhece em 1972, em plena era do desbunde e da Ditadura Militar. O roteiro é assinado por ela e pelo marido, o jornalista da área cultural José Emílio Rondeau, que também cuidou da direção do filme. Embora tenha alguma inspiração na experiência dos dois, a história é ficcional, e tem nos papéis principais Dandara Guerra e Rafael Rocha. Não vi o filme ainda, mas a trilha, que acaba de chegar às lojas, cria grandes expectativas em torno do mesmo.

São dezoito músicas, sendo que duas delas, embora da época, foram regravadas com sonoridades compatíveis com aquele período, É Só Curtir (com A Bolha, de Arnaldo Brandão e Renato Ladeira) e As Cheias do Luar (com o “fictício” trio Vide Bula, liderado pelo mesmo Arnaldo Brandão, ex-Hanói Hanói, banda do Caetano Veloso etc). O setor medalhões traz duas músicas da fase hippie-folk de Gilberto Gil, as ótimas Oriente e Back In Bahia , o dueto viajante/romântico de Gal Costa e Caetano Veloso ( Baby ), uma de Rita Lee ( Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida ) e Acabou Chorare , faixa título do melhor disco dos Novos Baianos.

O melhor da trilha, no entanto, fica por conta de resgate de fonogramas raros do rock e do soul brasileiros. Os vocais harmoniosos do Karma em Do Zero Adiante (uma espécie de 14 Bis antes do tempo), o swing instrumental de Don Salvador & Abolição em Guanabara , o som garagem em inglês do Grupo Soma ( Potato Fields , com vocais a la Ian Anderson, do Jethro Tull) e o rock a la The Byrds de Os Lobos ( Miragem ) são destaques, mas a trilha pode ser tocada sem pular faixas, de tão boa que é. Maravilhosa!

Leia sinopse do filme 1972 :
http://www2.uol.com.br/mostra/30/p_exib_filme_260.shtml