Mondo Pop

 O show realizado por Lobão na noite de sexta feira em São Paulo, na Via Funchal, merece um comentário feito em cima do público presente. Na platéia, pessoas de várias gerações, mas todas, aparentemente, com algo em comum: estavam lá para ver um cantor, compositor e músico “doidão”. “Olha, o Lobão é muito louco” era uma expressão corrente entre vários dos presentes. O que nos leva a acreditar que o artista carioca está entrando (ou já faz parte há muito tempo) de uma galeria com nomes como Raul Seixas e Cazuza, ou seja, seguidores de uma rebeldia e recusa dos padrões dos artistas tradicionais.

Uma diferença básica fica pelo fato de os dois nomes citados terem morrido jovens, enquanto o Grande Lobo continua por aí, doido, possivelmente, mas sabendo o valor de uma nota de 100 reais e de quais são os seus limites em termos de ingestão de bebidas alcoólicas e de outros tipos de estimulantes legais ou não. E ele não nega fogo, sempre fazendo comentários irreverentes sobre suas músicas, a realidade atual das coisas e também divulgando algo que ele pensa ser essencial no artista, uma tal de “paudurecência”, cuja tradução obviamente você não encontrará no Aurélio.

Em termos musicais, Acústico MTV é indiscutivelmente um bom disco, embora não seja tão ousado e fora dos padrões do gênero como o astro tenta nos fazer acreditar. O repertório dividide-se entre sucessos incontestáveis como Essa Noite Não, Décadense Avec Elegance, Noite e Dia, Me Chama, Canos Silenciosos e Corações Psicodélicos, lados B do tipo El Desdichado II, Bambina e Você e a Noite Escura. Bons músicos de apoio e arranjos eficientes dão o tom, além de muita garra do cantor. Tanto faz se Acústico MTV teve motivação comercial ou não, o disco é bom. Mas que Lobão está sendo encarado por seus fãs como o novo Maluco Beleza, lá isso está.