No dia 25 de janeiro, os Mutantes realizaram certamente seu show mais emocionante e mais importante, tocando para mais de 50 mil seguidores entusiásticos no Parque da Independência(SP). Quase cinco meses depois, Sérgio Dias e sua turma retornam à cidade, desta vez para dois shows no CitiBank Hall (SP). Um público em torno de duas mil pessoas por noite conpartilhou, desta vez, a essa experiência verdadeiramente transcendental. Estive no show de sexta, e saí novamente de queixo caído.

Um dos grandes segredos para esse retorno tão expressivo é o fato de o grupo ter percebido que, para tocar suas músicas como as mesmas mereciam, precisava de mais gente. Então, além da formação atual, que comporta Sérgio Dias (guitarra e vocal), Zélia Duncan (vocal), Arnaldo Baptista (teclados e vocal) e Dinho Leme (bateria), um elenco de seis feras os apoiaram. Simone Soul (percussão), Henrique Peters (teclados, flauta doce e vocais), Vinícius Junqueira (baixo), Vitor Trida (teclados, flautas, viola, cello e vocais), Fábio Rocco (vocal de apoio e percussão) e Esmerya Bulgari (vocal de apoio e percussão) deram o apoio necessário para que as músicas pudessem ser apresentadas com a perfeição necessária. Resultado: um som ainda melhor do que o dos discos originais. E tudo isso tocado com muita garra e tesão, sem cair na técnica pela técnica.

O show se valeu exatamente do mesmo repertório dos sublimes CD duplo/DVD simples Ao Vivo Barbican Theatre, Londres, 2006, na mesma seqüência. Don Quixote, Caminhante Noturno, Technicolor, TopTop, Panis Et Circenses, Balada do Louco, uma maravilha atrás da outra. A psicodelia sessentista à moda brasileira se mantém atual, intensa, inebriante, e o prazer que Sérgio Dias demonstra em cada nota lhe dá, cada vez mais, o posto de melhor guitarrista de rock do Brasil de todos os tempos. Só os mais ranhetas serão capazes de reclamar da ausência de Rita Lee, que não faz falta alguma ao time, bem substituída por Zélia Duncan. Dizem que um disco de inéditas poderá ser produzido por eles. Tomara.