paul_memory.jpgChega a dar raiva pensar que Paul McCartney deixou as canções que integram este Memory Almost Full de lado para gravar seu CD anterior, Chaos And Disorder In The Backyard. Mas, de certa forma, faz lógica. Ele encerrou sua longa ligação com a EMI com um disco que não é ruim, mas que é muito mais produção, clima, ambiência, do que propriamente aquilo que o genial ex-beatle sabe fazer de melhor. E, agora, inicia a parceria com a Hearmusic, selo musical da Starbucks, com um trabalho repleto de tudo o que de fato interessa: boas canções, bons vocais, bons tudo.

Memory Almost Full traz 13 músicas novas, todas assinadas apenas pelo autor de Yesterday. Em seis delas, conta com o acompanhamento de sua mais recente banda de shows, composta pelos excelentes Wix (teclados, único que ficou da banda dos anos 90), Rusty Anderson (guitarra), Brian Ray (baixo) e Abe Laboriel Jr. (bateria). Nas outras, Macca ataca mais uma vez de “exército de um homem só”, algo que volta e meia realiza, em sua carreira solo. E se dá bem nos dois formatos. A primeira ótima impressão refere-se aos vocais. Além de cantar com extremo vigor, especialmente no rockão Only Mama Knows e na balada soul Gratitude, ele se multiplica em vários, e faz backing vocals absurdamente bons. As músicas são, no geral, hiper para cima, mesmo as baladas.

Dance Tonight, a primeira música de trabalho, traz como destaque o mandolim, instrumento que McCartney acabou de aprender e já conseguiu fazer uma canção contagiante com ele. Ever Present Past, rockão feito na base do eu sozinho, poderia ter sido gravada por um Franz Ferdinand da vida, de tão energética. E por aí vai o disco. E vai bem. Memory Almost Full é a prova concreta de que, sim é possível um músico aos 64 anos soar urgente, criativo, instigante e atual, sem perder as características que o tornaram o maior nome da história da música pop.

Site oficial do artista:

www.paulmccartney.com
Clipe da música Dance Tonight:

http://www.youtube.com/watch?v=xTNXrkBSp_o