Desde que se tornou o artista de maior sucesso no mercado fonográfico nacional, na metade dos anos 60, Roberto Carlos começou a também enfocar o mercado latino. A partir dessa época, passou a também lançar discos em espanhol/castelhano, com o intuito de ganhar fãs que “hablan” tal idioma.

rc_espanhol.jpgTinha início a pior vertente do inegavelmente excelente cantor, compositor e músico capixaba. Em determinado momento dessa trajetória, o Rei precisou encarar ninguém menos do que Julio Iglesias, astro que nunca teve a menor disposição de criar algo que se aproximasse de arte, ou seja, o mercantilista comercialóide por excelência. Como ele rapidamente tornou-se o campeão de vendas na área, Roberto foi na cola dele. E tome baladas, boleros e canções previsíveis, além de versões em espanhol de suas composições mais melosas.

Se dessa forma conseguiu cativar muitos fãs nos países de língua latina, sua dificuldade em interpretar nesse idioma gerou gravações que vão do patético ao constrangedor. Sim, faturou um Grammy, o Oscar da música, mas Si El Amor Se Va é uma canção que, possivelmente, até Iglesias teria vergonha de gravar, de tão brega e insossa.

Bem, mas porque tanta porrada? É que, com o intuito de atender aos completistas, que sentem a necessidade de colecionar tudo o que Roberto Carlos lançou em sua extensa carreira, acabam de chegar ao mercado duas caixas, com 11 CDs cada, que reúnem esses discos. A maioria absoluta mantinha-se inédita por aqui, algo que, ao ouvi-los hoje, percebe-se que era uma bênção.

Um horror completo e absoluto. Para quem gosta do artista, ouvir tais trabalhos pode ser uma experiência constrangedora. Para quem não gosta, é o pesadelo perfeito. Ao preço de trezentos reais, em média, cada caixa, trata-se de produto recomendável só para masoquistas e/ou completistas.