Em 2007, tive a oportunidade de conferir, na casa de shows Tom Brasil, um show da cantora Lua. Oriunda de Brasília e com o nome de batismo Luana Gorayeb, a moça veio acompanhada por integrantes do coletivo Instituto, e me deixou uma impressão arrebatadora.

A expectativa por seu disco de estréia era grande, e agora se confirma de forma positiva. Lua, o CD, que chega ao mercado pela via independente, é um verdadeiro coquetel molotov do melhor pop-rock-MPB dos últimos anos. Nasce como um clássico.

Ao contrário da maior parte das cantoras que andam surgindo ultimamente, Lua se pauta por duas características básicas: faz um som mais sacudido e dançante e não assina nenhuma das canções desse disco de estréia. Ou seja, não cai no erro de Ana Cañas, por exemplo, excepcional cantora cujas composições infelizmente ainda não tem o mesmo nível de sua bela voz.

Ela preferiu selecionar o repertório a partir da obra de outros artistas. Embora a maior parte dos autores seja bem conhecida do grande público (Cazuza, Chico César, Lenine, Davi Moraes, Carlinhos Brown, Zeca Baleiro, Pedro Luis, Jorge du Peixe, Moska), fica claro que o critério usado pela morena de cabelos longos foi o de qualidade musical, e não griffe.

Com produção a cargo de Alê Siqueira e mixagens de Bob Power, o disco é uma delícia de se ouvir, misturando elementos de reggae, funk, rock, MPB, mangue beat e o que mais vier. Os arranjos são certeiros, e Lua usa sua voz na medida certa, também aproveitando boas vocalizações quando necessário.

Além de ter um quê de Cássia Eller na ousadia, no pique, na vibração e na voz poderosa. Resultado: um discaço com forte potencial pop, no qual dá para destacar as sublimes Se Tudo Pode Acontecer, Piercing, Obrigado (Por Ter Se Mandado), Seres Tupy (com participação especial de Lenine), A Rede e Maracatu de Tiro Certeiro, embora o repertório seja bom como um todo. Sensacional é pouco para definir um trabalho como esse.

Lua ao vivo no Tom Jazz em 2007:

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