Por Fabian Chacur

Em 1986, era sócio da Som & Imagem, espécie de fanzine feito de forma profissional cujo tema era o rock and roll em todas as suas vertentes. Na época, tive a honra de entrevistar Redson, vocal e guitarra do Cólera, uma das bandas pioneiras do punk rock brazuca. Tenho uma foto daquele encontro. Curiosamente, durante todos esses anos não havia tido a oportunidade de conferir a banda ao vivo, uma séria lacuna em meu currículo rocker. Para minha felicidade, corrigi isso no sábado passado, conferindo o trio em performance no Hangar 110 (SP). Uma noite inesquecível, em todos os aspectos.

Para começo de conversa, curti muito o Hangar, que me lembra um pouco o saudoso Dama Xoc, que ficava na rua Butantã, em Pinheiros. Espaço despojado, com cara rock and roll e acústica satisfatória, se a compararmos aos locais roqueiros dos 80’s em Sampa City.

As três bandas de abertura agradaram, com destaque para a Miguelito Cochabamba, misturando estilos que tornam seu hardcore bastante original e interessante. Mas a noite seria toda do Cólera, obviamente. A começar de seu líder, Redson. Sempre achei o Clemente, dos Inocentes, o melhor vocalista do punk rock brasileiro. Continuo sendo seu fã, mas o homem de frente do Cólera fica pau a pau com ele, com voz potente, carisma e fazendo algo muito difícil, que é preencher bem os espaços sonoros sendo a única guitarra da banda. Seu irmão, o vigoroso batera Pierre, injeta pura adrenalina em cada música, e o baixista Val não deixa a peteca ir ao chão. Pique, experiência e qualidade técnica tornam o show dos caras arrepiante.

Uma característica marcante, as letras militantes e com preocupações pacíficas, ecológicas e construtivas, continua forte e arrancando reações entusiásticas por parte da platéia. Em 2009, o Cólera irá comemorar 30 anos na estrada com o lançamento de seu primeiro DVD. Que venha logo. Garanto que não demorarei nem mesmo 22 meses para vê-los de novo ao vivo!

Confira o Cólera ao vivo no Hangar 110:

[youtube]9yICz9kk-ok&hl=en&fs=1[/youtube]