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Ed Motta e seu Piquenique: arrogância sem sal

Por Fabian Chacur

Quando surgiu ainda adolescente no cenário musical brasileiro, no finalzinho dos anos 80, Ed Motta foi saudado pelos apressados como o futuro da soul music brasileira. Ser sobrinho de Tim Maia o ajudou bastante, nesse sentido.

Mas desde o começo Mister Ed mostrou que não merecia tal confiança. Tanto que não demorou para arrumar encrencas com o Síndico, simplesmente o maior gênio da soul music brazuca. Não podia prestar.

Os anos se passaram. Hoje beirando os 40 anos, o cantor, compositor e músico carioca conseguiu cativar um público restrito que vai a seus shows, mas compra seus discos em quantidades limitadas.

Depois do início com os hits fracotes Manuel e Vamos Dançar, Mister Ed tentou sofisticar seu trabalho, lançando gororobas metidas a besta do naipe de Entre e Ouça, Dwitza e Aystelum, entre um e outro disco mais, digamos assim, comercial.

A tal “sofisticação”, na verdade, baseia-se em cópias descaradas de obras do Steely Dan, uma da melhores bandas dos anos 70 e criadora de uma sonoridade que mistura rock, soul, funk, jazz e pop de forma única, ajudando a criar o padrão do pop radiofônico mais sofisticado das décadas que viriam.

Como pouca gente conhece o Steely Dan a fundo por aqui, assim como os melhores expoentes da disco music e do funk americano e europeu dos anos 70, o “sobrinho” os copia na cara dura, e nem todo mundo nota.

Na verdade, só seu não tão grande assim fã-clube engole o que ele faz, assim como alguns críticos tão desinformados quanto ele. E a vida segue.

Piquenique, seu novo lançamento pela Trama, é uma tentativa de “retomar uma sonoridade mais pop”, na definição de seu autor. Na verdade, mantém o saque a fontes bem mais bacanas.

A faixa Minha Vida Toda Com Você, que abre o disco, por exemplo, decalca na cara dura o riff de Bad Girls, hit de Donna Summer. Mensalidade, com letra absurdamente ridícula, se apossa da sonoridade dos Whispers.

A faixa título, então, é o melhor exemplo do xerocopismo de Mister Ed.

Copia trechos de Best Of My Love do grupo vocal feminino americano Emotions (aquela mesma aproveitada por Maurício Manieri em Minha Menina), Rikki Don’t Lose That Number, do Steely Dan, e de quebra New Frontier, do primeiro disco solo de Donald Fagen (do Steely Dan), The Nightfly. Acha que é tudo? O pior ficou para o final.

A Turma da Pilantragem, como o título “genial” já entrega, tenta ser uma homenagem ao som que Wilson Simonal fazia no final dos anos 60, e soa como cópia de, pasmem, Stop, das Spice Girls.

A música é um dueto com a insossa Maria Rita. E aí, vira várzea: o sobrinho de Tim Maia dando vexame em dueto com a filha de Elis Regina. Tem hora que parente só serve mesmo para encher o saco.

Piqueninque tem tudo para encalhar, como os trabalhos anteriores de Mister Ed. Que continua sendo medíocre, a milhas e milhas de distância dos trabalhos de Tim Maia, Cláudio Zoli, Cassiano e outros gênios do soul brasileiro. Ele só ganha no quesito arrogância….

Obs.: a capa é páreo duro no quesito “a mais horrível do pop brasileiro nos últimos 50 anos”!

9 Comments

  1. Obrigado, o Kid é muito bom, tenho todos os discos dele com o Magazine.

  2. O Kid Vinil é ótimo!!! Nisso nós concordamos. Menos mal. Grande abraço e tudo de bom procê, hoje e sempre!!!

  3. Me apareceu esse artigo agora em minha Time Line nas redes sociais, olha o tamanho do meu atraso… kkkkkk
    Bom rs
    Bem escrito, apesar da correlação d “plágio” conceitual em relação ao trabalho do Steely Dan (q na verdade, misturava influências latinas e pitadas d country com pop), ser uma forçada bem da braba por parte do crítico hein, d qq modo… rs

  4. Esta é uma critica ridícula. Você deve ter algo pessoal contra o Ed Motta para desvalorizar de tal forma álbuns como o Entre e Ouça, Aystelum e Dwitza, que são todos ótimos.

  5. admin

    June 30, 2015 at 6:47 pm

    Serge, vou te contar dois segredinhos: você não é dono da verdade (nem eu) e estamos vivendo em um regime democrático. Você acha a minha crítica ridícula, eu acho os discos do Mister Ed citados por você ridículos. Minha análise leva em conta o que acho deles em termos artísticos e não envolve julgamentos relativos à pessoa desse artista. Simples assim. E a vida segue. Grande abraço e obrigado pela visita.

  6. Acabei caindo de para-quedas nesse site por acaso e tive a péssima experiência de ler tamanha imbecilidade sobre esse CD excelente do Ed Motta.
    Deve ser por isso que seu site não é conhecido e não tem relevância alguma, comparado ao site Wax Poetics que dá credibilidade ao trabalho virtuoso do Ed Motta.
    Sugiro que amplie seu conhecimento musical e dê chance para quem tem talento nato ou vai ficar preso na própria ignorância.

  7. Muito obrigado pela sua visita e por sua opinião acerca de Mondo Pop e da minha resenha sobre o CD de Ed Motta. Não sou dono da verdade, e nunca quis ser ao publicar essa minha opinião sobre esse CD. Nem você, no entanto. Portanto, sustento o que escrevi, você sustenta o que escreveu, e vida que segue. Volte sempre que quiser e puder. Quanto a meu conhecimento musical, procuro aprender sempre, dia a dia. Faça isso, também, e ouça em especial Steely Dan, Donny Hathaway e Tim Maia… Grande abraço!

  8. péssima resenha, um deserviço. priva desavisados de verdadeiras pérolas.

    dwirtza rodou o mundo com críticas muitíssimo positivas. os ingleses então, adoraram o disco, o q levou a varios shows por lá. os manuais práticos foram grandes sucessos comerciais na década de 90, o q denota q chamar o fidelíssimo público do ed de “limitado” é de uma estupidez impressionante. e inspiração é diferente de cópia. só alguém que não é músico chamaria algo da obra do ed de cópia. os elementos estéticos estão aí, as remixagens e colagens estão por toda parte, inclusive nas obras que vc cita como referência. só falou merda. a relação do ed com o tio era péssima mesmo, mas vc bota como se o tim maia fosse um poço de lucidez plácido e nada controverso ou polêmico. dos textos mais arrogantes e desagradáveis que já tive a oportunidade de ler.

    por fim falar mal da maria rita tem q ser um arrombado invejoso mesmo.

  9. Caro Manoel:
    Você tem todo o direito de discordar da minha opinião sobre o álbum do seu ídolo, embora tenha sido grosseiro e estúpido em seu texto, valendo-se de termos chulos para me ofender de forma gratuita. Mas ninguém é dono da verdade, embora pessoas como você pensem que sejam. Não retiro uma única palavra do que escrevi. Vida que segue. Grande abraço e obrigado pela visita. Continue ouvindo seu grande ídolo, que eu continuarei a ouvir o Steely Dan, de onde ele rouba boa parte das “ideias” musicais que põe em seus discos…

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