por Fabian Chacur

Nascido na Escócia em 5 de setembro de 1945, Al Stewart teve de penar bastante para conseguir se tornar um artista de sucesso comercial. Do primeiro álbum, em 1967, até o estouro, em 1976, foram nove longos anos.

Nesse período, o cantor, compositor e músico evoluiu de um estilo trovador folk a la Bob Dylan e Donovan quase que totalmente acústico para um artista de estilo mais pop-rock, embora sem nunca deixar de lado aquelas seminais influências iniciais.

Com o excepcional álbum Year Of The Cat (1976), produzido por Alan Parsons, ele se tornou conhecido mundialmente e viveu anos áureos. Live/Indian Summer é o ápice desse período.

Lançado em 1981, ele saiu originalmente como um álbum duplo de vinil. O lado 1 trazia cinco gravações inéditas feitas em estúdio entre junho e agosto de 1981. O repertório é interessante, com destaque para a deliciosamente pop Delia’s Gone, uma de suas melhores nessa praia.

Here In Angola é um rock bem bacana, enquanto a doce Indian Summer cumpre bem a missão de ser faixa título. Pandora e Princess Olivia completam a escalação de forma discreta, mas sem comprometer.

Os lados 2, 3 e 4 do vinil ofereciam ao ouvinte uma seleção de faixas gravadas ao vivo entre 28 e 30 de abril no teatro Roxy, em Los Angeles.

No acompanhamento, a banda Shot In The Dark, que esteve a seu lado no álbum que ele gravou em 1980, 24 Carrots/Parrots.

O repertório traz duas faixas de 24 Carrots/Parrots, o sacudido rock Running Man e a balada de inspiração medieval Merlin’s Time, e investe em uma certeira geral no que de melhor Al fez em sua carreira.

As versões ao vivo de seus maiores hits, Year Of The Cat (que fecha o álbum ao vivo) e Time Passages são ótimas, assim como a de outra canção que ficou razoavelmente conhecida, a sacudida e com influências hispânicas On The Border.

O lado 3 do vinil foi reservado para os momentos mais épicos, com versões fantásticas de duas músicas de Past, Present And Future (1974), seu álbum mais visionário, que procura contar a história do século 20 até ali.

Roads To Moscow, com seus 8m13 de duração, traz como destaque o violão e a voz de Stewart, além das vocalizações e do acompanhamento instrumental impecável do grupo Shot In The Dark.

Nostradamus , também de Past, Present And Future, é ampliada e surge em pot-pourry com a maravilhosa (e até então inédita) World Goes To Riyadh, gerando uma das faixas mais empolgantes da discografia de Al Stewart.

São 13 minutos durante os quais influências folk, rock e mesmo orientais levam o ouvinte a um verdadeiro transe. Você literalmente abre as portas da percepção ao ouvi-la. Experimente, e saia ileso da experiência, se for capaz…

Live/Indian Summer é um desses discos que combinam material inédito em estúdio e registro de shows com rara maestria, e equivale ao auge da carreira de Al Stewart.

A partir daí, ele lançou bons trabalhos e se mantém na ativa até hoje, mas nada com a consistência e a relevância dessa era de ouro. Mesmo assim, vale acompanhar a sua produção, como, por sinal, tenho feito esses anos todos.

Inicialmente, Live/Indian Summer existia no formato CD apenas como Live At The Roxy Los Angeles 1981, excluindo as gravações de estúdio, que por sua vez viraram faixas-bônus da versão em CD de 24 Carrots/Parrots.

Hoje, no entanto, você pode encontrar a versão na íntegra desse álbum, embora não em qualquer loja/site.