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Live On The Double Planet- Michael Hedges (1987/Windham Hill)

Por Fabian Chacur

O selo Windham Hill ficou conhecido por ser um dos que ajudou a popularizar a chamada New Age Music, estilo musical pautado por silêncios, reflexões, influências do rock progressivo mais viajante e também da música oriental.

Para os não aficcionados, não é exatamente uma maravilha, e soa chato pra burro. Habitualmente, os não fãs fugiam de novos lançamentos do selo como o capeta da cruz. E isso quase me fez cometer um erro grosseiro.

No final de 1988, recebi da gravadora Polygram, que na época distribuía no Brasil o catálogo da Windham Hill, um LP intitulado Live On The Double Planet de um tal Michael Hedges. “Lá vem bomba”, pensei, de forma preconceituosa. E o disco ficou comendo poeira por semanas.

Um dia, por pura curiosidade, resolvi colocar o álbum no meu toca-discos. E logo na faixa inicial a expectativa negativa despencou ladeira abaixo. Em seu lugar, um sentimento do tipo “não acredito no que estou ouvindo”.

Munido apenas de um violão, o cara mandou ver uma espetacular releitura de All Along The Watchtower, de Bob Dylan e também celebrizada na gravação de Jimi Hendrix.

Atrevo-me a dizer que a versão de Hedges é melhor do que a dos dois mestres. E rapidamente virei fã do cidadão.

Live On The Double Planet é composto por 12 faixas gravadas ao vivo em diversos shows realizados em vários lugares nos Estados Unidos. Neles, o cara aparece apenas em uma delas acompanhado por outro músico, no caso o baixista Michael Manring, na música Rikki’s Shuffle.

De resto, é o exército de um homem só. Só que o cara cantava muito bem e tinha uma habilidade no violão absolutamente absurda, capaz de tocar com várias afinações e também se valendo vez por outra de uma harp guitar, uma espécie de violão com braço adicional de harpa.

O álbum se divide entre faixas instrumentais e outras com vocais. Além da composição de Dylan, também se arriscou (e se deu bem) em Come Together, dos Beatles, e A Love Bizarre, de Prince e Sheila E. . O resto (e que resto!) é tudo assinado por ele próprio.

O que o cidadão faz na instrumental Because It’ s There, por exemplo, é de você não acreditar que está ouvindo apenas um violão. Mas é só ele mesmo. E sem virtuosismos tolos e/ou narcisísticos. A boa música é quem mandava em seus dedos ágeis e em suas cordas vocais.

Atrevo-me a considerar Live On The Double Planet um dos melhores discos do estilo violão e voz da história da música, com um forte tempero rock e pitadas generosas de tudo o que você imaginar de bom: folk, country, jazz, música erudita….

Michael Hedges nasceu na cidade de Enid, Oklahoma, no dia 31 de dezembro de 1953. Estudou violão clássico com afinco, mas logo resolveu também investir em outras sonoridades, misturando tudo e criando estilo próprio.

Ele lançou seu primeiro álbum, Breakfast In The Field, em 1981. A partir daí, foi se tornando conhecido e ganhando amigos famosos como David Crosby e Graham Nash, que participaram de seus discos.

Em 1996, ele se apresentou no Brasil no Bourbon Street, São Paulo, mas o ingresso era caríssimo e infelizmente não pude ver Michael Hedges ao vivo. Mal sabia eu que não teria outra oportunidade.

Em 2 de dezembro de 1997, um grave acidente de carro nos levou esse mestre da música, a poucos dias de completar 44 anos. Uma lástima. Ficaram como legado em torno de 12 discos (incluindo coletâneas) e muita saudade.

2 Comments

  1. Nao conhecia, Procurei no youtube e jah gostei muito.
    Voce conhece esse ???

    http://www.youtube.com/watch?v=tROiP1TUJRM&feature=related

  2. Fico feliz, pois cada pessoa que levo a ouvir um artista do talento de Michael Hedges é mais um que poderá se deliciar com a sonoridade marcante desse trabalho de altíssimo gabarito musical. E curti o artista do link que você me passou. Não o conhecia. A canção é muito bacana. Vou ver se acho mais coisas dele. Grande abraço, e muito obrigado pela visita qualificada de sempre!!!!

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