Por Fabian Chacur

No dia 15 de agosto de 1965, os Beatles entraram no palco do Shea Stadium em Nova York perante mais de 55 mil pessoas. Foi o maior show da carreira da banda e o maior do rock até aquele momento. Um momento histórico.

O selo Coqueiro Verde está lançando no Brasil um belo registro desse evento com o título Live At Shea. Trata-se de um documentário que inclui o show, bastidores, entrevistas e flagra o início da explosão da música pop no mundo.

Até então, ninguém poderia imaginar que grupos pop teriam tanto público a ponto de tocar em estádios.

A infraestrutura oferecida ao Fab Four para tocar naquele lugar enorme é ridícula, se comparada ao que existe hoje. O equipamento de som, por exemplo, seria vetado até no bar especializado em pagode aqui perto de casa.

Iluminação sofisticada? Cenário? Efeitos especiais? Nada disso. Apenas os quatro músicos, três ou quatro amplificadores, um praticável para a bateria de Ringo Starr, três microfones com pedestais, um palco pequeno no qual mal cabia a banda e mais um tecladinho e era só.

Como na época a praxe eram shows de apenas 30 minutos, um elenco de grupos e artistas se apresentou antes de John, Paul, George e Ringo. King Curtis Band, Brenda Holloway, Cannibal And The Headhunters, The Young Rascals e Sounds Incorporated fizeram bem a sua parte de esquentar a plateia, e cenas de suas apresentações também estão no documentário.

As condições precárias enfrentadas pelos Beatles neste show e em tantos outros que fizeram entre 1960 e 1966 explicam o porque eles resolveram deixar os palcos de lado, dedicando-se apenas às gravações.

Mesmo assim, a banda deu um banho de garra, talento e presença de palco nesse show. Eles tocaram 11 músicas, entre as quais Twist And Shout, Ticket To Ride, Dizzy Miss Lizzy, Can’t Buy Me Love, Help! e A Hard Day’s Night.

Duas não tão conhecidas do grande público também marcam presença, o cover Act Naturally, música do astro country americano Buck Owens que Ringo interpreta com categoria, e a quase valsa rock Baby’s In Black.

Se o show veio ótimo até ali, a música final, I’m Down, surge em versão excepcional. Paul solta a voz como se fosse a última vez que cantaria na vida, enquanto John Lennon tem um desempenho demencial, tocando os teclados com os cotovelos e esbanjando adorável maluquice.

A qualidade técnica do registro de Live At Shea é bem satisfatória, com as imagens e áudio extraídos de especial exibido na época pela TV americana. Tipo do DVD que equivale a uma aula de história. E ver e ouvir os Beatles é sempre um prazer.