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Roger Hodgson honra a reputação do Supertramp

Por Fabian Chacur

Janeiro de 1988. Último show da primeira edição do Hollywood Rock Festival em São Paulo. Depois de apresentações bem bacanas durante os vários dias do evento, especialmente de Simply Red e Duran Duran, entrava em cena a banda escolhida para encerrar a festança roqueira, o Supertramp.

E não era uma escolha ruim, pelo fato de a banda ser bastante popular por aqui. Apesar de ter vindo com sua formação quase original, o grupo britânico radicado nos EUA não conseguiu a repercussão imaginada.

Houve até fãs indo embora mais cedo de um estádio do Morumbi que estava com casa quase cheia no início. A razão: embora ainda bem competentes, eles estavam desfalcados de um elemento fundamental: o cantor e músico Roger Hodgson.

Sem saída para conseguir substituí-lo à altura, o grupo optou por tocar apenas duas das canções nas quais Hodgson era o vocalista principal, Breakfast In America e The Logical Song, em versões bem abaixo das originais. O resto do show era todo focado no tecladista e cantor Rick Davies, inegavelmente bom, mas bem menos marcante.

Durante décadas, fiquei com a impressão de que havia visto um show pela metade. Desde 1982 fora da banda que integrou durante 12 anos, Hodgson por sua vez investiu em uma carreira solo sem grandes hits.

Foi, portanto, mais por saudosismo e tentando fazer o que um amigo meu definiu como “ver uma banda a prestação”, ou seja, conferir apresentações separadas dos vários integrantes de um grupo importante, que fui à Via Funchal na noite desta sexta (14).

E não é que me dei bem? Na juventude dos 60 anos de idade completados em março, Hodgson veio acompanhado por quatro excelentes músicos e um cenário repleto de árvores que pareciam bonsais gigantes. Ficou lindo, especialmente com o realce dado pela iluminação.

Qualquer possível dúvida referente ao que poderia esperar do show foi dissipada aos primeiros acordes de gaita de Take The Long Way Home, que abriu o show e é curiosamente a minha favorita da banda, integrante do melhor e mais bem-sucedido em termos comerciais disco do grupo, o antológico Breakfast In America (já escrevi sobre ele em Mondo Pop).

Simpático e falante (mas não falastrão), Roger Hodgson emendou a seguir Give a Little Bit, deixando claro que aquele show seria inesquecível. O público o aplaudiu de forma entusiástica. E foi assim até o final.

Teríamos mais três pepitas de ouro de Breakfast In America: a faixa título, o megahit The Logical Song e a iluminada e lírica Lord Is It Mine. Não faltaram outras maravilhas, entre as quais Hide In Your Shell, A Soapbox Opera, Dreamer e School.

Tivemos direito até mesmo a uma boa inédita, The Awakening. Até aquelas tiradas do baú, entre as quais a belíssima Don’t Leave Me Now, que fecha o último álbum de Hodgson com o Supertramp (Famous Last Words, de 1982), que só grandes conhecedores da obra da banda reconheceram de imediato (como a adorável Carla Chuler, que viu o show coladinha comigo), mas que todos aplaudiram ao seu final.

O show acabou com uma faixa que todos sentiram falta naquele show do Supertramp de Rick Davies em 1988, Fool’s Overture, que só faz sentido interpretada pela voz maravilhosa e apaixonada de Roger.

No bis, duas pauladas para neguinho sair sem ar, de tanto prazer: School e It’s Raining Again, esta última também de Famous Last Words. Para mim, o segredo do Supertramp era combinar de forma acessível elementos de folk, rock progressivo, pop e do som inigualável dos Beatles.

Resultado: senti que, 22 anos depois, enfim posso dizer que vi e ouvi o Supertramp, com o bom gosto e o talento de Rick Davies e dos sopros de John Helliwell em 1988 e o imenso carisma e a voz cristalina de Roger Hodgson neste 2010. Mas nem preciso dizer quem eu escolheria ver e ouvir de novo…

obs.:só faltou Roger colocar o autógrafo dele ao lado dos dados a mim pelos outros integrantes do Supertramp em 1988… Fica para uma próxima!

4 Comments

  1. Este é um show que estava faltando na minha lista.
    Poderei dizer agora: meninos, eu vi.

    Supertramp tocou quando minha mãe limpava a casa, quando minha avó faleceu e meu tio ligou o rádio , casamento de família, churrasco, teste de som…..Se houvesse um seriado da minha família que nem o Six Feet Under, teria que ter Supertramp na trilha na certa.

    Só senti falta da Goodbye Stranger, porque todo mundo aqui da minha família imitava o falsete de Roger Hogdson.

    E orgulhosa de ler a seguinte frase:”Don’t Leave Me Now, que fecha o último álbum de Hogdson com o Supertramp (Famous Last Words, de 1982), que só grandes conhecedores da obra da banda reconheceram de imediato, mas que todos aplaudiram ao seu final.”
    Pra mim, é a minha predileta deles e o final perfeito de um disco.É muito lindo ouvir no vinil, porque o tempo das batidas da bateria vão aumentando até você ouvir o barulho do vinil, da agulha correndo no final do disco.(Magia que se perdeu no CD)

    Pois é, eu fui uma das poucas que ligou a câmera nesta faixa.Tá ruima imagem , o som …bom, mas já subi no youtube e você pode conferir neste link:

    http://www.youtube.com/watch?v=sNoxJSEUKuM

    Saudações, Chacur!

  2. admin

    May 19, 2010 at 9:25 pm

    Foi fantástico ver esse show com você! Uma honra mesmo! Obrigado pela visita qualificada de sempre a Mondo Pop!

  3. Claudemir Marcondes de Arruda

    November 1, 2019 at 11:55 pm

    Pra mim Supertramp é a maior banda de todos os tempos. Musica e músicos de altíssima qualidade. Roger jamais deveria ter deixado o grupo, mas infelizmente essas coisas acontecem. Também sou muito fã de Roger Hodgson, mas para mim Rick Davies sempre será o grande Genio do Supertramp que alias continua em boas mãos.

  4. Uma grande banda mesmo, caro Claudemir, e cuja obra merece ser ouvida e apreciada por muitos e muitos anos. Grande abraço, tudo de bom e volte sempre que puder ou quiser!

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