Por Fabian Chacur

Infelizmente, existem na televisão brasileira menos programas de qualidade sobre músicas do que gostaríamos. A maioria só quer saber de modinhas, de superficialidades e de gente dublando músicas. Sendo assim, sinto-me na obrigação de recomendar dois excelentes atrações que estão na grade do Canal Brasil, infelizmente só disponível para quem pode pagar tevê a cabo.

Zoombido estreou em maio a sua quarta temporada. Apresentado por Paulinho Moska, é exibido pelo canal às quintas (21h30), sextas (16h) e sábados (13h). O apresentador é cantor, compositor e músico, e parte de uma ideia simples, porém muito bem realizada.

Em bate papos sempre descontraídos, Moska procura saber de seus convidados, sempre compositores do primeiro escalão da nossa música, detalhes sobre o início de carreira, como ocorrem as suas relações com a música e coisas assim. Geralmente, o entrevistado canta duas músicas sozinho, e divide uma terceira com o apresentador.

O cenário é sempre o mesmo, uma espécie de sala de estar na qual entrevistado e entrevistador ficam sentados, com violão à mão. Moska esbanja simpatia e carisma, e faz com que o papo seja sempre interessante.

Destaco a abertura, na qual uma música falando exatamente sobre o ato de compor é interpretada por vários de seus entrevistados, um verso cada, gente do gabarito de Guilherme Arantes, Kiko Zambianchi, Herbert Vianna, Danilo Caymmi e Evandro Mesquita. Uma delícia de se ver e ouvir.

O Som do Vinil, que pode ser conferido às sextas (21h30) e sábados (13h30) tem como mestre de cerimônias Charles Gavin (foto), ex-baterista dos Titãs e um dos responsáveis, nos anos 90 e 2000, por dezenas (centenas, na verdade) de resgates de discos seminais na história da música tupiniquim.

Inspirado nessa sua tarefa admirável e também no genial Classic Albums da Castle Rock (que conta a história de clássicos do rock mundial), ele entrevistas pessoas envolvidas na gravação de alguns desses álbuns memoráveis da música brasileira, com direito a entrevistas com os músicos, produtores, compositores etc.

Já estiveram por lá Lulu Santos, Ivan Lins, Lenine, Lady Zu, Dóris Monteiro e diversos outros, sempre com direito a muitas informações de bastidores, entrevistas bem conduzidas e uma leveza bem adequada.

Lógico que Classic Albums é muito melhor, mas especialmente porque tem mais tempo (uma hora cada episódio, contra meia horinha da atração brasileira) e mais recursos financeiros a seu favor. Mas Gavin se vira muito bem com o que tem em mãos.

Ver sempre esses dois programas e ajudá-los a ter boa audiência é fazer uma profissão de fé na qualidade dos programas musicas da tevê brasileira, e também de incentivar a criação de outros do mesmo alto nível.