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Back To The Egg- Wings (EMI-1979)

Por Fabian Chacur

Um dos meus sonhos em termos musicais nunca será realizado. Adoraria ver um dia um show de Paul McCartney só com músicas de sua carreira solo ou dos tempos do grupo Wings. Nada, nem um único acorde de Beatles. Acham estranho? Pensam que eu não gosto dos Beatles? Não é por aí.

É que o meu ídolo máximo tem tanta coisa boa lançada sem a banda que o consagrou que me dá pena de pensar que inúmeras músicas legais lançadas por ele nesses 40 anos de trajetória sem John, George e Ringo ficaram em um injusto esquecimento, ou mesmo nunca foram tocadas em shows.

Como isso não irá ocorrer, pois nosso eterno beatle já ostenta 68 anos, vale a pena revirar sua discografia e tirar poeira de alguns ítens. Back To The Egg (1979) por exemplo. Trata-se de um álbum peculiar, pois foi o último dos Wings, que nele estrearam uma nova formação.

Além de Paul e Linda McCartney e do fiel escudeiro Denny Laine (nos vocais e guitarra), entraram em cena o guitarrista Laurence Juber e o baterista Steve Holly. Eles não tiveram muito tempo para ensaiar e já entraram no time para gravar esse álbum.

As gravações foram feitas basicamente na Escócia e em Londres, com algumas várias gravações sendo realizadas no castelo Lympne. A voz de McCartney está curiosamente rouca, soando em alguns momentos mais próxima da de Rod Stewart como nunca esteve (e nunca mais ficaria).

O resultado não poderia ter ficado melhor. Guardadas as devidas proporções, Back To The Egg equivale a uma espécie de White Album da carreira solo de Paul, pelo fato de incluir músicas extremamente distintas entre si. É naquele esquema de montanha russa, algo difícil de se fazer bem. E ele fez!

As músicas mais pesadas de sua carreira solo estão aqui, petardos como Spin It On (que parece power metal!), a metal total Old Siam Sir (que defino como a Helter Skelter de sua carreira pós Beatles) e a espetacular Rockestra Theme. Esta última tem um elenco de convidados estelar.

Só mesmo James Paul McCartney para conseguir reunir, em uma mesma música (aliás, duas, So Glad To See You Here também inclui esse time). Veja só alguns dos nomes (vou até abrir um novo parágrafo):

Dave Gilmour (Pink Floyd), Hank Marvin (Shadows), Pete Townshend (The Who), John Bonham (Led Zeppelin), Kenny Jones (Faces, The Who), John Paul Jones (Led Zeppelin), Ronnie Lane (Faces), Gary Brooker (Procol Harum) etc. Tá bom ou quer mais?

Do início, com um curto tema instrumental com som de espera em aeroporto (Reception), entramos logo no primeiro single, a vibrante e ensolarada Getting Closer. A reflexiva e curta We’re Open Tonight vem a seguir, abrindo caminho para a nervosa Spin It On. O espírito pop roqueiro da deliciosa Again And Again And Again (de Denny Laine) é a próxima.

Para esquentar a galera, o rockão Old Siam Sir aparece, com a maravilhosamente funk/jazz e sutil Arrow Through Me encerrando o lado um do vinil. Abre o obro lado a vibrante Rockestra Theme, acompanhada logo a seguir pela agitada e simpática To You.

Aí, dois pot-pourrys relembram experiências de Abbey Road. After The Ball/Million Miles mistura balada com vocais ardidos e uma parte só voz e acordeon. Winter Roses/Love Awake começa como balada medieval maravilhosa e melancólica (aqui, a voz de Paul está deliciosamente rouca) e o pop ensolarado finalizando tudo.

A curtinha vinheta The Broadcast abre as portas para a sacudida So Glad To See You Here. O disco é encerrado com uma das melhores incursões de Sir Paul pelo jazz, a delicada e maravilhosamente melódica Baby’s Request, que dá para imaginar ver ele tocando em um clube esfumaçado dos anos 40.

A versão inglesa do CD traz três ótimas faixas bônus: a deliciosa Daytime Nightime Suffering, lado B do compacto simples Goodnight Tonight, e o single de natal com Wonderful Christmastime e Rudolph The Red-Nosed Reggae, todas lançadas mais ou menos na época de Back To The Egg.

6 Comments

  1. vladimir rizzetto

    July 24, 2010 at 1:55 pm

    Olá, Fabian!
    Obrigado pelo abraço!
    Não tive o prazer de ver o Paul ao vivo, porém, penso exatamente da mesma forma que você.
    Também gostaria de ouvir um cd ao vivo, só com músicas do Wings, inclusive, ele teria material para um duplo, dado a abundância de clássicos que a banda gravou.
    Essa questão dos set-lists dos shows do Paul sempre me incomodaram. Ora, porque têm que ser, basicamente, só com músicas dos Beatles e algumas poucas da sua carreira solo?
    É óbvio que não sei qual é a premissa que norteia a escolha do repertório, porém, arrisco dizer que seria o desempenho de vendas dos álbuns solos. Será? Bem, pelo menos, no Good Evening New York, tem um número razoável de músicas dos álbuns solo.
    Enfim, de uma coisa eu tenho certeza: a carreira solo do Paul é de longe a mais significativa entre os ex-Beatles. Aliás, Fabian, ouso dizer que o Paul, superou os Beatles em algumas oportunidades. Venus and Mars, Red Rose Speedway e Band on the Run e até o Back to the Egg são mais inspirados que alguns discos de sua antiga banda, mas, isso é polêmico demais e corro o risco de ser linchado…
    E, sobre o disco em questão, permita-me um palavrão:
    Back to the Egg é do caral*****!!!
    Como você disse, a profusão de ritmos é o forte do disco, e é mesmo! Paul passeia entre o pop e o hard rock (quase metal) com competência e com a naturalidade únicas. E o ‘time’ de astros que ele reuniu é uma coisa fabulosa!
    Back to the Egg é um disco essencial e fundamental para se entender a profusão de estilos que o Maca imprimia a sua obra.

    Grande abraço, baluarte!

  2. admin

    July 29, 2010 at 9:36 pm

    Fantástico o seu texto acima, Vladimir, sensacional mesmo! Concordo contigo em relação à carreira solo do Paul, sempre subestimada de forma besta por inúmeros críticos. E também concordo com sua posição sobre o DVD Good Evening New York, que certamente é um dos melhores lançados por ele. Grande abraço, tuuuudo de bom, e volte sempre, pois sua presença por aqui é obrigatória!!!! rsrsrsrsrs

  3. admin

    July 29, 2010 at 9:37 pm

    Obs.:alguns desses cri-críticos insistiam em dizer que Paul McCartney só sabia fazer baladinhas…. Vão ser surdos ali adiante!!!!!

  4. vladimir rizzetto

    July 30, 2010 at 6:39 pm

    Fabian

    Paras este pseudos-criticos que dizem que o Paul só faz baladinha, ele escreveu Silly Love Songs. Pop da melhor qualidade, não é mesmo?
    E deixem esses poucos azedos falarem mal do Paul, enquanto isso, a gente vai curtindo a obra dele. Eles não sabem o que estão perdendo…
    Eu escrevi acima que alguns discos do Paul são melhores que alguns dos Beatles, e como tenho alguns problemas para ordenar as palavras, quero retomar o assunto.
    Na verdade, o que eu quis dizer, é que estes discos do Paul são obras-primas, mas, como não tinha a “grife” Beatles, acho que não lhes foram dados o devido valor. É isso.
    Também quero dizer que sou um alucinado e incoerente beatlemaníaco! YEAH, YEAH…

    Obrigado pela hospitalidade!
    Grande abraço, baluarte!

  5. Só duas coisinhas: Laurence Juber e Steve Holie entraram na banda na época da divulgação do Lp London Town. Eles podem ser vistos nos clipes de I’ve Had Enough e With a Little Luck. O gurpo fez shows baseados no repertório do BTTE, na malfadada turnê de 1979 (ouçam o bootleg Last Flight).

    Mas…Venus and Mars e RAM são melhores 🙂

  6. admin

    August 4, 2010 at 10:26 pm

    Caro Feroli:
    Também acho Ram e Venus And Mars melhores, assim como o Band On The Run, também. Mas considero Back To The Egg um trabalho no mínimo surpreendente. Se comparado às discografias da maior parte dos artistas por aí, seria o melhor trabalho desses nomes… E quanto ao Juber e ao Holy,falo especificamente da estreia deles em um álbum dos Wings. Grande abraço,muito obrigado pela visita e volte sempre!

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