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Fuad Chacur, eterno fã de Carlos Gardel

Por Fabian Chacur

Se estivesse vivo (e está, no meu coração), meu pai faria 101 anos neste sábado. Fuad Chacur nasceu no dia 24 de julho de 1909 e morreu em um triste 21 de setembro de 1998. Obviamente um dos dias mais tristes de minha vida.

Ele foi comerciante, dono de uma das lojas de calçados mais badaladas de São Paulo dos anos 40 aos 60, as Casas Paraíso, cuja sede ficava na esquina da rua Vergueiro com a rua do Paraíso, em frente ao Centro de Operações do Metrô. Hoje tem um bar em seu lugar.

Meu pai era um fã entusiástico de tango. Chegou a patrocinar, nos idos dos anos 40, um programa de rádio dedicado ao estilo. Ele até me disse que patrocinou a vinda de um cantor argentino do gênero ao Brasil, nos tempos em que meu saudoso velhinho morava no edifício Martinelli, algo comparável, hoje em dia, a morar em um Mofarrej Sheraton da vida. O cara era poderoso.

Ele amava Carlos Gardel, e até tínhamos em casa um disco de 78 rotações com a música Arrabal Amargo, clássico do Bob Marley do tango, ou seja, ícone máximo de um gênero ainda relevante nos dias de hoje.

Seo Fuad não era muito fã de música moderna. Mas, lá pelos idos de 1973, apaixonou-se por uma canção chamada Do You Love Me, interpretada por um certo Shariff Dean. A ponto de eu ter comprado o compacto simples para ele, que várias vezes pediu para que eu o colocasse em nosso toca discos.

Só para constar, Shariff Dean cantava essa música em dueto com uma cantora a qual desconheço. Ele teve mais dois sucessos nas paradas, No More Troubles e uma releitura simpática de Stand By Me, hit de Ben E. King e também gravada com categoria por John Lennon. E sampleada recentemente pelo mala júnior Sean Kingston em seu hit Beautiful Girl.

Só em outra ocasião ele me pediu um disco novamente. Foi Clair de Lune, de Debussy, tema de uma novela global por volta de 1979. Era tema da personagem Geli (ou coisa que o valha, tô com preguiça de procurar o compacto, que hoje está comigo), vivido por Sonia Braga.

Meu pai era meio fechado, e só conversava com quem conhecia ou gostava. Adorava ouvir suas histórias, sobre futebol, a sua loja de calçados (que infelizmente fechou no finalzinho dos anos 70), seus tempos de Síria (ele era filho de um nativo daquele país)… Vai fazer falta assim ali adiante. Beijão no seu coração, Seo Fuad!

Ah! Também comprei nos anos 80 um LP de vinil com os maiores sucessos de Carlos Gardel para ele, disco que hoje está comigo.

2 Comments

  1. Alexandre Damiano

    July 26, 2010 at 1:30 am

    Fabian,
    Toda vez que vc fala sobre alguém da sua familia eu me emociono.
    Pq vejo que o faz com o coração. e não haveria de ser diferente é óbvio, mas é que nos dias de hoje é incomum as pessoas abrirem os corações e isso sempre toca.
    Parabéns pela familia que tem e continue sempre nos presenteando com resenhas fantásticas e emociontantes sobre música e vida.
    abraços
    Alexandre Damiano

  2. admin

    July 29, 2010 at 9:34 pm

    Muito, mas muito obrigado mesmo pelas palavras escritas acima, Alexandre. Quando é sobre eles, eu realmente escrevo com o coração na ponta dos dedos. E a falta que eles me fazem é imensa….. Grande abraço e tudo de bom para você e os seus, hoje e sempre. E viva o Kiss!!!

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