Por Fabian Chacur

Em 1989, Edgard Scandurra lançou seu primeiro disco solo, Amigos Invisíveis. Na época, o guitarrista e principal força criativa do ótimo grupo Ira! mostrou que tinha potencial para uma carreira solo.

Desde então, ele aproveitou pausas no trabalho com a banda para se envolver com projetos individuais, como o Benzina, ligado à música eletrônica, ou mesmo atuar com outros artistas, especialmente Arnaldo Antunes, com quem fez shows e gravou como espécie de  músico de apoio de luxo.

O fim abrupto e ainda não muito bem explicado do Ira! em 2007 deu a ele a senha para tornar o que antes rolava apenas nas horas vagas como o seu novo dia a dia. A ex-banda é passado.

Com o CD e DVD Ao Vivo, o roqueiro prova que essa virada em sua trajetória não poderia ter ocorrido em melhor hora. As gravações ocorreram em maio de 2009 no Teatro Fecap, em São Paulo. O trabalho foi realizado em parceria com a TV Cultura e a Agência Produtora.

A seleção de músicas (14 no CD e 18 no DVD) abrange toda a sua trajetória, incluindo desde algumas músicas do Ira! com faixas dos trabalhos solo e três inéditas: A Dança do Soldado, Kaput e Não Precisa Me Amar.

A faixa de abertura do CD, Minha Mente Ainda é a Mesma, mostra de forma bastante clara que, se era um cantor bem interessante anteriormente, agora ele realmente ficou bom de fato.

O sujeito solta a voz de forma potente e com o vigor que o rock and roll exige. As músicas são ótimas, e sua capacidade de esmerilhar na guitarra continua firme e forte.

Várias participações especiais rolaram nas gravações, todas muito bem encaixadas.

Fernanda Takai em Tolices, Zélia Duncan (na foto com Edgard) em Abraços e Brigas e Jorge Du Peixe (da Nação Zumbi) em Você Não Sabe Quem Eu Sou são algumas delas.

Meu Mundo e Nada Mais junta Scandurra ao autor desse clássico do pop brasileiro, Guilherme Arantes, em uma dobradinha que deu super certo.

Só achei estranho Arnaldo Antunes não estar no elenco. Teria havido uma incompatibilidade de agendas?

No geral, Ao Vivo é um excelente disco, a prova concreta de que, sim, Edgard Scandurra tem tudo para ter uma carreira solo sólida e brilhante, compatível com a que ele levou com dignidade com o Ira!, além de certamente colaborar com inúmeros outros artistas, como sempre vez.

Ele está livre para criar, e isso só pode ser ótimo.