Por Fabian Chacur


Entre 1988 e 1995, trabalhei no extinto jornal Diário Popular, que durante um bom tempo nos anos 90 foi o mais vendido nas bancas paulistanas.

Pois naqueles anos, tive a oportunidade de cobrir o Carnaval de São Paulo em cinco ocasiões diferentes.

Quatro foram consecutivas, de 1992 a 1995, todas pelo finado Dipo, sendo a derradeira em 1997 pelo jornal O Dia, quando trabalhei em sua sucursal em Sampa City.

Cobria o desfile das principais escolas, no glorioso sambódromo, ou Pólo Cultural do Anhembi, ou seja lá do que chamavam aquele raio daquele lugar.

Era uma verdadeira maratona, que em um determinado chegou a durar 24 horas consecutivas.

A gente cobria o desfile inteiro, que naquele tempos começava por volta das 18h de sábado, indo até a manhã do domingão, às vezes beirando as 8h da matina.

Depois, íamos para a redação, que ficava no centro, comíamos qualquer coisa rapidinho e íamos escrever um caderno especial de umas 8 páginas em quatro pessoas.

Não sou exatamente um fã de carnaval, então, imaginem como era aquilo para mim…

Lógico que existem coisas muito piores de se fazer, e que até deu para me divertir em alguns momentos, mas sinceramente não encararia uma parada dessas novamente.

Em um desses anos, choveu durante praticamente todo o desfile, o que me obrigou a trabalhar usando aquelas ridículas capas de chuva.

Imaginem a cena: aquele cabeludo gordo com cara de baterista de banda ruim de heavy metal com um bloco na mão entrevistando Deus e o mundo, anotando coisas o tempo todo, rezando para aquilo não encharcar e ficar ilegível.

Em um dado momento, um dos colegas fotógrafos me chamou, eu olhei e, pronto, lá estava um registro grotesco para a posteridade.

O mané com o bloquinho na mão, molhado até a alma, com o saco na lua, e olhando com uma cara que dava pena, tipo cachorro sem dono.

Não deu outra: o jornalzinho interno da empresa fez uma matéria sobre a nossa cobertura carnavalesca, e adivinhe se não foi exatamente aquele registro patético o que ilustrou o texto?

Socorro! Curto samba, respeito profundamente o Carnaval e a sua rica cultura, mas prefiro desfilar em casa na Escola de Samba Unidos do Rock And Roll!