Por Fabian Chacur

O número 22 da coleção Grande Discoteca Brasileira, à venda em todas as boas bancas e livrarias do país, traz como atração o álbum Caça à Raposa, lançado em 1975 e o segundo da discografia de João Bosco.

Este trabalho deu ao cantor, compositor e violonista mineiro a chance de se tornar conhecido nacionalmente como intérprete, ele que até ali era mais famoso como autor de músicas gravadas principalmente por Elis Regina.

O disco é absolutamente brilhante e equivale a um sopro de criatividade no mundo da MPB da época, tendo o samba como mote mas indo bem além, com direito a latinidade e até ao rock and roll.

O álbum traz 12 composições de Bosco em parceria com o poeta carioca Aldir Blanc, em parceria que entrou para a história da música brasileira.

O samba-enredo satírico O Mestre-sala dos Mares, o samba incisivo e de rica ironia De Frente Pro Crime, a sacudida Escadas da Penha e o sambão Kid Cavaquinho invadiram rapidamente as paradas de sucesso merecidamente.

Hoje, chega a ser inacreditável pensar que essas músicas foram sucessos radiofônicos, pois conseguem unir com rara felicidade extrema qualidade artística e apelo popular, a mais difícil das fórmulas.

Outras faixas bem conhecidas são Dois pra lá, Dois pra cá, que fez grande sucesso na voz de Elis Regina e a densa Caça à Raposa.

A surpresa fica por conta dos ótimos rocks temperados de latinidade Jardins da Infância e Nessa Data, provas de que João Bosco poderia ter sido um ótimo discípulo de Carlos Santana. Ainda bem que preferiu ser ele mesmo…

A grande sacada do álbum é o fato de os arranjos terem o violão ágil, rítmico e brilhante de João como foco principal, com tudo o mais correndo em volta e ajudando apenas a dar um contorno bacana, sem afogá-lo.

Custando apenas R$ 14,90, o disco traz como brinde um livrinho com excelente texto muito bem escrito e repleto de informações pertinentes, assinado pelo jornalista Silvio Essinger.

Por sinal, Essinger também fez ótimo trabalho nos textos referentes aos álbuns Selvagem? (1986), dos Paralamas do Sucesso, e Pérola Negra (1973), de Luis Melodia, que também fazem parte da coleção Grande Discoteca Brasileira.

Ouça De Frente Pro Crime, do álbum Caça à Raposa: