Por Fabian Chacur

Uma das minhas diversões nos últimos meses tem sido adquirir DVDs aparentemente “suspeitos” de grandes nomes da música, quase sempre a preços módicos, para conferir o seu conteúdo.

O meu novo ítem nesse setor, por sinal cada vez mais repleto de títulos nas lojas de São Paulo, é Heroes Live Japan, de David Bowie, que paguei em torno de R$ 15 e que foi lançado por um selo chamado VZ Multimídia, de São Bernardo do Campo.

Como nos últimos sete anos o genial cantor e compositor britânico teve de dar uma puxada no freio de mão em sua carreira, devido a problemas de saúde, qualquer lançamento como esse é um alívio para os que, como eu, cultuam a obra desse cidadão.

O DVD não inclui informações ou ficha técnica, mas pude deduzir que as gravações foram feitas durante a turnê feita por Bowie para divulgar o álbum Heroes (1977).

Essa tour gerou o segundo álbum gravado ao vivo do astro, Stage (1978), que contém 17 faixas (uma bônus no relançamento feito pela gravadora Rykodisc nos idos de 1990).

Não por acaso,  as 12 músicas contidas em Heroes Live Japan também fazem parte do set list de Stage, com a diferença de que este último foi registrado nos Estados Unidos durante shows na Philadelphia, Providence e Boston.

A banda que o acompanhava na época incluía o brilhante Adrian Belew, cria de Frank Zappa que depois tocou com os Talking Heads em shows, integrou o King Crimson nos anos 80 e voltou a atuar com Bowie precisamente na turnê que trouxe o Camaleão pela primeira vez a nosso país, em 1990.

Entre os outros seis músicos, destaque para o guitarrista Carlos Alomar, o braço direito do autor de Space Oditty em sua fase soul/thin white duke.

A qualidade de imagens pode ser rotulada como “estilo VHS mais ou menos”, ou seja, com direito a chiados, sombras e outros incômodos, mas não a ponto de tornar o show impossível de ser visto.

Dá para curtir numa boa, especialmente porque a qualidade de som, embora colocando a voz de Bowie bem à frente e deixando as frequências graves bem para trás, ser das mais razoáveis.

Além de músicas daquele período, como a clássica Heroes, a instrumental Warszawa (que abre o show de forma soturna e introspectiva) e a endiabrada Beauty And The Beast, também traz coisas de eras anteriores.

Entre elas, temos músicas do célebre álbum Ziggy Stardust (1972), como a faixa título e Hang On To Yourself, além da funk de verdade Fame, parceria de Bowie com Alomar e ninguém menos do que John Lennon.

Sem grandes recursos visuais e centrado na parte musical, Heroes Live Japan é para os fãs mais fiéis de David Bowie, embora também possa ser apreciado por quem não é excessivamente ligado a qualidade técnica de vídeo e áudio.

E tem, também, o fato de ser um raríssimo registro de uma das fases mais criativas da história desse nome fundamental para a história dessa maravilha que a gente tanto gosta chamada de rock and roll.

Veja Beauty And The Beast ao vivo na mesma época, mas com qualidade de áudio e vídeo MUITO melhor do que no meu DVD: