Por Fabian Chacur

Cansei de ler matérias detonando Sergio Mendes, sendo que durante muito tempo não me sentia preparado para concordar ou contestá-las.

Hoje, sinto-me à vontade para achar que o músico, arranjador, maestro e compositor brasileiro que ganhou fama internacional a partir dos anos 60 não merecia levar tanta porrada dos críticos.

Ele surgiu logo na fase inicial da bossa nova, e acabou indo para os Estados Unidos, onde soube aproveitar bem as oportunidades que teve e montou o grupo Brasil 66.

O que sempre deixou os cri-críticos putos é que Mendes sempre se manteve aberto a misturas.

Ele divulgou como poucos o melhor da música brasileira pelo mundo afora, mas não pagou de “folclorista”, “artista de raiz” ou coisas do gênero.

Desde o início, não teve pudores em misturar samba, bossa nova e outros ritmos brazucas com soul, pop, rhythm and blues, jazz e o que mais pintasse.

Lógico que nem sempre acertou na dose, mas quando isso ocorreu (e foram diversas vezes), o resultado sempre valeu a pena.

Ele ajudou a tornar o então Jorge Ben famoso mundialmente, e procura sempre se renovar, vide a ótima parceria que fez com Will.i.am, líder do grupo americano Black Eyed Peas.

A nova aventura de Sergio Mendes é a trilha sonora da animação Rio, um dos grandes blockbusters cinematográficos do ano, obra do diretor brasileiro Carlos Saldanha que estreia no Brasil nesta sexta-feira (8).

Ao lado de John Powel, ele é o responsável pela seleção dos artistas, arregimentação dos músicos e composição de algumas coisas.

Inteligente, chamou para ser seu braço direito um parceiro que há quase 20 anos faz trabalhos com ele, Carlinhos Brown.

O resultado é uma fornada de 14 gravações que misturam sambão, bossa nova, samba dolente, rhythm and blues, pop e o que mais pintar.

O álbum é daqueles para se ouvir enquanto se faz ginástica, ou se você quiser se energizar de outra forma.

Entre os melhores momentos, destaco a releitura a la anos 60 de Mas Que Nada (com vocais de Gracinha Leporace, ótima cantora e mulher de Mendes, nesta ordem), Telling The World (com Taio Cruz, tem cara de megahit) e Take You To Rio (com Ivete Sangalo pagando de cantora de “arrenbí”).

Tem também a delicada bossa Ararinha, na qual Brown dá um banho de sutileza e o funk carioca Funky Monkey (incluindo vocais de Siedah Garrett, que participou do álbum Bad, de Michael Jackson).

A faixa que encerra o álbum, Copacabana Dreams, mostra uma bossa jazz instrumental deliciosa com Sergio Mendes e seu grupo.

Quer curtir um som gostoso, simpático e sem complicações, mas que não cai no medíocre ou no banal? A trilha de Rio foi feita para você.

Veja Sergio Mendes e seu grupo nos anos 60 com Mas Que Nada: