Por Fabian Chacur

Desde que se tornou um dos grandes astros da história da MPB, Caetano Veloso sempre teve como característica se aproximar das gerações posteriores à sua, o que sempre lhe permitiu renovar a base de fãs.

Marina Lima, Paulo Ricardo, Carlinhos Brown, a lista de nomes a quem o autor de Sampa acabou dando o seu aval é imensa.

Lógico que a via é sempre de mão dupla. Se por um lado ofereceu sua griffe, do outro trouxe para o seu universo nomes emergentes que sempre pintam babando ovos para o Mestre. É que narciso acha feio o que não é espelho, não, é, seo leonino?

Nada contra. Mas que foi gostoso ver Marcelo D2 rejeitando a estratégia paternalista do eterno tropicalista, lá isso foi. Mesmo tendo sido algo meio grosseiro. Mas é legal alguém que prefira seguir o seu próprio caminho, desdenhando avais ou tutelas semi-impostas.

No caso de Maria Gadú, Caetano trouxe para o seu universo a moça que é considerada a joia rara da nova geração da MPB.

Investindo nos últimos anos em uma sonoridade mais crua e próxima do rock, provavelmente sua melhor incursão pelo gênero, Caetano no entanto ficou bem longe do seu auge em termos comerciais.

Gravar clássicos populares de seu repertório ao lado de Maria Gadú em formato acústico representa uma guinada rumo ao que o americano chama “give the people what they want”. Ou, em português mais claro e direto: dar ao povão o que ele realmente quer ouvir.

No caso, canções como Sozinho, Alegria Alegria, Milagres do Povo e Desde Que o Samba é Samba.

Atitude pragmática do Mestre? Sem dúvidas. Artisticamente bacana? Também sem sombra de dúvidas. Aquela rara combinação qualidade/comercialismo.

O espírito da parceria pode ser conferido por seu próprio título: Multishow ao Vivo Caetano e Maria Gadú.

Nem foi preciso colocar o sobrenome, pois todos sabem de qual Caetano estamos falando. No caso da cantora, teve de vir nome e sobrenome. Ou será que não daria para ser Caetano e Maria? Ou Caetano e Gadú? Genipapo absoluto perde.

Seja como for, a parceria se mostrou muito adequada para o autor de Odeio. Mas ele mais ajudou Gadú do que qualquer outra coisa, podem ter certeza, embora tenha ganho muito, também. Bom para todos os envolvidos.