Por Fabian Chacur

Após ouvir dezenas de vezes …E a Gente Sonhando, mais recente álbum de Milton Nascimento, tive a oportunidade de vê-lo no show de lançamento desse trabalho na Via Funchal, em São Paulo.

Com lotação total, quem foi à casa de espetáculo na noite deste sábado (18) teve a chance de ver um dos grandes nomes da história da MPB em estado de graça, esbanjando energia às vésperas de completar 70 anos.

Milton tomou uma verdadeira injeção de juventude ao se associar a jovens músicos de sua amada Três Pontas no CD, e trouxe vários deles para participarem do show.

A abertura, por volta das 22h40, ocorreu com uma sequência de quatro clássicos de seu repertório, para deixar a plateia sem fôlego logo de cara: Encontros e Despedidas, Caxangá, Caçador de Mim e Nos Bailes da Vida.

A quinta música foi a primeira do repertório do novo álbum a entrar na roda, a belíssima Amor do Céu, Amor do Mar, que homenageia Elis Regina de forma sofisticada, viajante e encantadora.

Daí para frente, a base do espetáculo foi mesmo o trabalho novo, que tem 16 faixas que vão do bom ao arrepiante.

A participação dos jovens talentos ao lado do “velho lobo do mar” (como ele canta na belíssima Me Faz Bem, parceria dele com Fernando Brant) deu ao espetáculo uma energia absurda.

Em determinados momentos, tínhamos no palco mais de vinte pessoas, entre músicos e vocalistas, esbanjando entusiasmo e talento, tendo Milton como o genial regente da história toda.

Generoso, o Bituca de Três Pontas soube mostrar seu talento hipnótico e sua maravilhosa voz (cada vez melhor, por sinal) e também abrir espaços para seus garotos e garotas darem o seu recado.

Seria injusto elogiar alguém em particular, pois todos os participantes mandaram muito, mas muito bem mesmo.

Mas não resisto e citarei dois nomes para representar o todo: o cantor Bruno Cabral, que interpreta com Milton a maravilhosa faixa-título do álbum, e o carismático Pedrinho do Cavaco.

Esse último foi um espetáculo à parte, pois além de dividir o palco com Milton em Gota de Primavera, ainda solou com desenvoltura Brasileirinho e cantou a fantástica Todo Menino é Um Rei, sucesso nos anos 70 com o saudoso sambista Roberto Ribeiro.

Na hora do bis, Milton abriu a porteira para hits como Canção da América (que ele pôs a plateia para cantar, dando uma de regente) e Maria, Maria. Um bis como se deve, sem a sombra da menor dúvida.

O único ponto negativo veio de alguns seres inconvenientes na plateia, provavelmente com algumas (muitas) a mais na cuca, pedindo Travessia aos gritos o tempo todo e perdendo a chance de degustar um espetáculo tão especial. Tomara que vire DVD (o show, não os gritões, obviamente!)