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Wando se vai nesse triste 8 de fevereiro

Por Fabian Chacur

Coube à música O Importante é Ser Fevereiro a tarefa de colocar pela primeira vez nas paradas de sucesso uma música assinada por Wando, lá pelos idos de 1972/73. Infelizmente, também coube ao mês de fevereiro abrigar a sua morte, aos 66 anos, na manhã desta quarta (8), em Belo Horizonte, vítima de ataque cardíaco após vários dias internado.

Nessa minha já longa carreira como jornalista e crítico musical, tive a oportunidade de entrevistar diversas vezes o senhor Wanderley Alves dos Reis, sendo a primeira na segunda metade dos anos 80.

O cara era uma peça rara. Bem-humorado, inteligente e simpático, contava histórias simplesmente sensacionais protagonizadas por ele em sua difícil e longa trajetória rumo ao sucesso.

Nascido em Nova Lima (MG) em 2 de outubro de 1945, teve várias fases em sua trajetória profissional, sendo que na inicial, fez parte de grupos de baile, cantou na noite e se virou como feirante e outras ocupações para sobreviver.

Na primeira metade dos anos 70, investiu no samba, que rendeu sucessos como O Importante é Ser Fevereiro (gravada por Jair Rodrigues)e Nega de Obaluaiê.

O estouro da belíssima Moça, em 1975/76, tornou-o um fenômeno de vendagens em todo o país, em música cuja letra conta a paixão por uma prostituta, uma ousadia em plena Ditadura Militar.

Até o fim dos anos 70, emplacaria outros hits, entre os quais as ótimas Senhorita Senhorita e Gosto de Maça.

A primeira metade da década de 80 marcou um momento de menor repercussão em sua trajetória profissional, a ponto de ele ter sido excluído do circuito das grandes gravadoras.

Para voltar à cena, ele resolveu aceitar o convite e gravar em um recém-criado selo independente em 1985, Arca, fundado pelo jornalista e empresário Ari Carvalho, dono do jornal carioca O Dia.

Esse álbum independente, intitulado Vulgar e Comum é Não Viver de Amor, acabou se transformando em um inesperado sucesso comercial, graças às músicas Fogo e Paixão e Chora Coração, esta última depois incluída na trilha de Roque Santeiro.

Em 1987, não só estava de volta a uma grande gravadora (a Polygram, cujo acervo hoje pertence à Universal Music), como passou a investir em shows superproduzidos e sempre lotados com direito a camas redondas, tendas árabes e distribuição de calcinhas e convites para motéis.

As fãs também adoravam jogar no palco calcinhas, que o cantor colecionava. Wando virou até garoto propaganda da DuLoren…

Esperto, mergulhou de cabeça em um segmento musical criado por ele próprio, o da música romântica centrada no sexo como tema básico. Virou conselheiro sexual e figura obrigatória em programas sobre o tema.

Rotulado como brega, algo que nunca levou a sério, Wando era bom cantor, ótimo músico e compositor de recursos bem amplos. Lógico que não era um Paul McCartney ou Caetano Veloso, mas ficava muito acima da média em sua área. E isso explica um pouco a sua permanência. Vá com Deus. E os corações que ele tanto animou vão chorar bastante, podem ter certeza.

Ouça Moça, com Wando:

2 Comments

  1. Perdemos alguem que embalou muitos romances, que ajudou a “unir” casais.
    Uma pena… foi muito cedo!!

  2. Bota cedo nisso, Cláudio. Mas vai fazer o que? A vida é isso mesmo, Encontros e Despedidas, como diria o Milton Nascimento. Fica a obra, a lembrança, os “causos” hilariantes dele… Grande abraço e obrigado pela visita sempre qualificada!!!!

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