Por Fabian Chacur

Está sendo veiculado atualmente na mídia, com grande destaque, um comercial de conhecida marca de cerveja. Nela, eles tentam mostrar a paixão do torcedor de futebol pelo esporte, e também pelas chamadas louras geladas.

Até aí, tudo bem. Cada um vende seu produto do jeito que achar melhor. O que de certa forma me entristeceu foi ouvir a música que utilizaram como trilha sonora para este ode ao futebol e às bebidas alcoólicas.

Balada do Louco, composta por Arnaldo Baptista e Rita Lee, lançada no álbum Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets (1972) é a mais nova vítima da transformação de uma belíssima canção popular em mero jingle.

Agora, esse canção maravilhosa, que tem como tema essa tênue distância entre loucura e sanidade, que frequentemente é definida por critérios subjetivos demais, será por um bom tempo associada a um produto específico.

Isso já aconteceu com inúmeros clássicos da música, como Imagine e Revolution, por exemplo, e também com canções que nem bem entraram nas paradas de sucesso e já viraram trilha sonora para vencer coisinhas, como a recente Ai Se Eu Te Pego, sucesso na voz de Michel Teló.

Creio que tem dois pensamentos gerados por isso. O primeiro é o fato de uma música deixar de ser uma obra de arte e virar um mero e desvalorizado produto comercial, tendo seu conteúdo banalizado ao ser associado a comerciais.

O outro é tirar espaços para a criação de novos jingles publicitários, que tantos empregos proporcionaram a tantos músicos mundo afora, e que imagino ser o tipo de trilha ideal para anúncios. E muitas obras-primas já foram feitas com esse intuito.

Estaria eu, em pleno 2012, caindo no erro do politicamente correto? Será que os autores desta música (no caso, Rita e Arnaldo) não tem o direito de darem à sua criação o uso que lhes der na telha, se forem devidamente pagos por isso? Sei lá. Acho que estou sendo idealista demais. Enfim, é a minha opinião. Mais louco é quem me diz. E eu sou feliz com ela!

Balada do Louco, com os Mutantes, ao vivo no Parque da Independência (SP) em 25.1.2007: