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Morre José Roberto Bertrami, do Azymuth

Por Fabian Chacur

Morreu no último domingo (8), aos 66 anos, o tecladista e compositor paulista José Roberto Bertrami. Ele era integrante do Azymuth, um dos grupos mais talentosos e importantes da música pop brasileira.

Sim, música pop é a definição mais simples para a sonzeira swingada, dançante, inteligente e maravilhosa que Bertrami e seus colegas de banda, Alex Malheiros (baixo) e Ivan Mamão Conti (bateria) criaram.

Nascido na cidade de Tatuí (SP), Bertrami começou a tocar ainda criança. Ele conheceu Malheiros e Conti no Rio, no início dos anos 70, e com eles participou de inúmeras gravações e apresentações ao vivo, incluindo discos clássicos de Odair José.

O nome da banda acabou sendo extraído de uma composição dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle (da trilha do filme O Fabuloso Fitipaldi), de quem eles gravaram algumas composições no decorrer de sua carreira.

Eles participaram da trilha sonora da novela O Espigão em 1974 com a música Pela Cidade, ainda com o nome Bertrami e Conjunto Azimuth.

O grupo estourou no Brasil com duas faixas de seu primeiro álbum, Azimuth (1975), as fantásticas Linha do Horizonte (de Paulo Sérgio Valle e Paraná, trilha da novela Cuca Legal) e Faça de Conta (de Bertrami).

Seu som basicamente instrumental, valendo-se eventualmente de vocais, já surgia originalíssimo, misturando funk de verdade, soul, jazz, bossa nova, samba, pop e o que mais pintasse, com direito a muito swing.

Melô da Cuíca (de Bertrami e Malheiros), de 1975, foi usada com destaque na trilha da novela Pecado Capital. Voo Sobre o Horizonte (de Bertrami e Paraná), da trilha da novela Loco-motivas, foi o destaque do segundo álbum do trio, Águia Não Come Mosca, no qual a grafia do nome da banda mudou de Azimuth para Azymuth.

No fim dos anos 70, o Azymuth passou a se dedicar a uma prolífica carreira internacional, que lhes rendeu sucessos como o álbum Light as Feather (1979) e o sensacional single Jazz Carnival, que chegou ao Top 20 inglês em 1980.

Aliás, a partir dali o grupo passou a fazer muito mais sucesso fora do Brasil, com direito a lançamentos exclusivos por selos internacionais, shows em festivais com o de Montreux e em diversos países da Europa, Ásia e América do Norte. O rótulo acid jazz certamente teve neles um de seus pioneiros.

Durante um curto período, entre o finalzinho dos anos 80 e o início dos 90, José Roberto Bertrami esteve fora do Azymuth, substituído por Jota Moraes, mas ele voltaria a tempo de comemorar os 20 anos de existência do trio, sem sair mais.

Bem, melhor do que escrever sobre o Azymuth é ouvir a sua música. Divirtam-se com a seleção abaixo, e não tenho dúvida de que José Roberto Bertrami nos deixará enorme saudade.

Jazz Carnival, com Azymuth:

Linha do Horizonte, com Azymuth:

Voo Sobre o Horizonte, com Azymuth:

Melô da Cuíca, com Azymuth:

Faça de Conta, com Azymuth:

4 Comments

  1. Chacur, por acaso vc conhece a música “Azimuth (Mil Milhas)” que foi tema da novela “Véu de Noiva”? (eis o link: http://youtu.be/KoyNjpZDlpE
    Ela é interpretada por Apolo IV, um conjunto instrumental arregimentado por Marcos e Paulo Sergio Valle, mas acho que li em algum lugar que os músicos desse Apolo IV são justamente os da futura banda Azimuth! (eles teriam pedido autorização aos irmãos Valle para que o nome da música (aliás, muito boa, hem?) pudesse virar o nome do conjunto. Você tem como confirmar essa informação?

  2. admin

    November 21, 2012 at 1:50 pm

    O nome Azymuth foi mesmo sugerido por Paulo Sérgio Valle quando o grupo estava gravando a trilha para o filme O Fabuloso Fitipaldi e ainda não tinha um nome consolidado. Pelo estilão dessa música “Azimuth ( Mil Milhas)”, não duvido que ao menos o próprio José Roberto Bertrami participe dela, pela sonoridade dos teclados. Excelente!!! Valeu pelo link e espero ter esclarecido alguma coisa em relação à sua dúvida. Grande abraço!

  3. Me precipitei, Chacur!
    Agora descobri que essa composição está também no disco do Marcos Valle “Mustang Cor de Sangue” (óia o link: http://youtu.be/uyVtfc9f0Yo
    Os 2 arranjos diferem um pouco, mas certamente é o mesmo pianista (o Marcos, claro) nas duas versões!
    Acontece que na época as trilhas da Globo eram só com artistas da CBD, futura Phonogram/Polygram (ainda não havia a Som Livre), e o Marcos Valle não podia aparecer como intérprete porque pertencia ao cast da EMI-Odeon. Então devem ter inventado esse nome Apolo IV.
    Também me “confusionei” ao citar o Paulo Sergio Valle, que é LETRISTA, e essa música é instrumental! Na verdade ela foi composta pelo Marcos Valle em parceria com o baixista Novelli. Mas quanto ao nome Azymuth ter sido sugerido pelos Valle (para o filme sobre o Fittipaldi), realmente tem a ver, pois a novela da Globo também tinha corridas automobilísticas como pano de fundo.

  4. admin

    November 22, 2012 at 3:23 pm

    Mas em uma coisa você não se “confusionou”, Cláudio: essa música é ótima!!!! E tanto o Marcos Valle como o Azymuth nos deram grandes momentos do pop nacional, indo além de mera bossa nova e mergulhando em misturas swingadas e altamente estimulantes. Grande abraço, e é uma honra ter alguém com o seu gabarito como leitor de Mondo Pop. Aliás, leitor e colaborador, pois seus comentários são sempre enriquecedores!!!! E haja confete ehehehehehe

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