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Hot Rats, de Frank Zappa, volta às lojas

Por Fabian Chacur

A família de Frank Zappa (1940-1993), através de seu selo Zappa Records, está iniciando uma série de relançamentos oriundos da extensa discografia desse genial e polêmico cantor, compositor e guitarrista americano. Com distribuição a cargo da Universal Music, os títulos também sairão no Brasil. O primeiro a cair nas mãos de Mondo Pop é Hot Rats.

Lançado originalmente em 1969, este álbum é o primeiro trabalho lançado por Zappa como artista solo após o fim da primeira formação dos Mothers Of Invention, grupo que o tornou conhecido especialmente no cenário underground do rock americano.

Além dele na guitarra, baixo octavado e percussão, temos o ex-colega de Mothers of Invention Ian Underwood nos teclados e sopros. O álbum inclui participações especiais de Captain Beefheart (vocais na única faixa não totalmente instrumental do álbum, Willie The Pimp), Jean-Luc Ponty (violino), Sugar Cane Harris (violino) e John Guerin (bateria).

Hot Rats pode ser considerado um dos primeiros (se não for o primeiro mesmo!) trabalhos do gênero musical posteriormente rotulado como jazz-rock, que neste caso específico significa uma mistura do vigor e da eletricidade do rock (beirando o hard rock e o blues rock em vários momentos) com a liberdade de improvisação do jazz.

Os seis temas incluídos no álbum cativam o ouvinte logo em seus instantes iniciais, e servem como belíssimo cartão de apresentação para o virtuosismo de Frank Zappa como guitarrista, especialmente nas fantásticas Peaches En Regalia (a faixa mais famosa deste CD), Son Of Mr. Green Genes e The Gumbo Variations, essa última uma espécie de heavy metal sofisticado.

Duas faixas possuem menos de quatro minutos, outra pouco mais do que cinco e três vão além dos oito minutos, mas não temos aqui aquela praga que por vezes assola a música instrumental e o jazz, que é o músico tocando para si e se lixando para os ouvintes e até seus colegas de banda, aquilo que pode ser determinado como masturbation music.

Em Hot Rats, Zappa e seus asseclas improvisam em cima de temas instrumentais bem construídos e atrativos, e certamente cativam os ouvintes pela fluência e musicalidade de seus solos, repleta de passagens criativas e mesclando elementos musicais oriundos das mais variadas fontes, como música latina, erudita e folk/country, por exemplo.

Não vou dar uma de espertinho: só tive a oportunidade de ouvir esse álbum agora, 43 anos após o seu lançamento. Mas isso me possibilitou perceber o quanto se trata de um trabalho que soa coeso, instigante e moderno, mesmo tantas décadas após chegar às lojas.

É como se tivesse sido lançado agora, e certamente influenciou (e influenciará) muita gente boa por aí. Mais indiscutível do que isso, está difícil!

Ouça The Gumbo Variations, com Frank Zappa:

Ouça Peaches En Regalia, com Frank Zappa:

9 Comments

  1. Saudações Palestrinas Fabian!
    Além dessa obra prima o outro lançamento nacional de Zappa é o tão famoso quanto “We’re
    Only in It for The Money”, a tradicional paulada corrossiva em cima do sonho hippie.
    Para quem não está familiarizado, Hot Rats é muito mais indicado. Quem nunca ouviu Zappa pode detestar o outro disco assim num primeira ouvida.

  2. Cuidado, Chacur.
    Zappa costuma viciar, viu?

  3. Saudações Verdes, Chacur!

    Cara, notícias surreais não sugem apenas no velho Palestra:

    ‘Ventura’ é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos.
    Álbum do Los Hermanos foi o grande vencedor de enquete realizada pela Eldorado FM, Estadao.com e o jornal ‘O Estado de S. Paulo’

    http://www.territorioeldorado.limao.com.br/musica/mus211054.shtm

  4. É, Carla, não duvido, não…rsrsrsrs E vou ouvir em breve o We’re Only In It For The Money em breve. Antes tarde do que nunca…rsrsrrs Gosto muito do Apostrophe e do Tinseltown Rebellion, dois belos trabalhos. Obrigado pela visita e tuuuudo de bom procês dois!

  5. admin

    September 8, 2012 at 5:24 pm

    Caro Hermano Juarez: um álbum do Los Hermanos ganhar uma eleição de Clube da Esquina, de Milton Nascimento, é realmente bizarro. Prova de que às vezes aquela frase do Pelé sobre “brasileiro não saber votar” faz todo o sentido do mundo rsrsrsrs Grande abraço, volte sempre e viva o nosso Alviverde Imponente!

  6. O homem era bom mesmo!!! Sua obra é eterna, sem sombra de dúvidas. Valeu pelo link, tuuuudo de bom e volte sempre!!!

  7. vladimir rizzetto

    September 10, 2012 at 9:37 pm

    Salve Fabian!

    Frank Zappa tem a discografia mais eclética e irregular de todos artistas do pop/rock/jazz.
    Há momentos geniais e, eles não são poucos. O citado We’re Only In It For The Money, Burnt Weenie Sandwich, Freak Out (que tem o The Return Of The Son Of Monster Magnet – que título fantástico!!!) e o disco que é motivo da resenha, porém, Sleep Dirt e outros poucos que não lembro o nome agora (rs) são insuportáveis.
    Eu acho que o pecado dele foi diminuir seu talento incontestável em um sem número de discos.
    Enfim, apesar disso, Zappa era um cara fodão!

    Abraço

  8. Concordo com você, Vladimir. O cara produzia demais em termos quantitativos, o que aumentava a possibilidade de algumas vaciladas. Mas no conjunto da obra o cara se tornou realmente um dos grandes nomes da história do nosso amado rock and roll. Grande abraço e obrigado pela visita sempre qualificada!

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