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Morrem Emílio Santiago e sua voz de veludo

Por Fabian Chacur

Poucas vezes a frase clichê “o Brasil amanheceu de luto” se encaixou com tanta precisâo para definir uma situaçâo específica. No caso, a morte na manhâ desta quarta-feira (20) do cantor Emílio Santiago, um dos grandes estilistas da história da MPB. Ele tinha 66 anos e estava internado na UTI do Hospital Samaritano, no Rio, tentando se recuperar de um AVC sofrido no último dia 7.

O intérprete estava sofrendo com problemas de saúde há alguns anos, mas parecia estar novamente em forma. Ele apareceu pela última vez na TV no programa Encontros com Fátima Bernardes, na Globo, no dia 4, e ninguém poderia imaginar que seu fim estivesse tâo próximo. Seu corpo está sendo velado na Câmara dos Vereadores do Rio e será enterrado amanhâ (21) às 11h no cemitério do Caju.

Emílio Santiago nasceu no dia 6 de dezembro de 1946, e se formou em direito. Paralelamente, cantava na noite, e teve grande destaque ao participar do quadro de calouros musicais do programa do apresentador Flávio Cavalcanti na primeira metade dos anos 70. Ele lançou seu primeiro álbum em 1975, e seu primeiro sucesso, o delicioso samba swingado Nega, fez parte da trilha sonora de uma novela global.

Em 1982, vivenciou um grande momento ao interpretar a música vencedora do festival global MPB Shell 1982, Pelo Amor de Deus, de autoria da dupla Paulo Debetio e Paulinho Rezende. Mas o estouro em termos comerciais veio mesmo a partir de 1988, com a série de álbuns Aquarelas Brasileiras, composto por releitura de clássicos da MPB e algumas músicas novas.

Saigon, gravada por ele em um desses trabalhos campeôes de vendagens, tornou-se seu maior sucesso em termos comerciais. Ele brincava, definindo essa bela cançâo como a sua Conceiçâo (hit definitivo de Cauby Peixoto), aquela música que nunca ficava de fora de seus shows. Ele, por sinal, a interpretou em sua última apariçâo televisiva. Versátil, tirava de letra os mais diversos estilos musicais, especialmente cançôes românticas.

Com um delicioso timbre vocal, a chamada voz de veludo, de tâo suave e boa de se ouvir, Emílio era também uma figura extremamente querida no meio musical devido à sua simpatia, educaçâo e simplicidade. Tive a honra de entrevistá-lo algumas vezes e pude constatar essas qualidades. Parece clichê, mas lá vai: ele irá fazer muita falta, como cantor e como ser humano.

Pelo Amor de Deus, com Emílio Santiago, na final do MPB Shell 1982:

2 Comments

  1. É, Chacur, esse ano também não vai dar moleza em termos de perdas (um outro grande artista está em coma irreversível, prefiro não pronunciar seu nome).
    Nunca comprei nenhum disco do Emilio Santiago, não era a minha praia, mas considero ele um artista digno (da estirpe do Jessé, não acha?), e sempre me pareceu merecedor do mesmo elogio enquanto ser humano.

  2. admin

    March 22, 2013 at 1:35 am

    Concordo com a sua percepção do Emílio, Cláudio. Ele era um artista digno de nota, como o Jessé também era, e com uma postura enquanto ser humano das mais dignas e elogiáveis. Entrevistei ele umas duas ou três vezes e sempre me dei bem, pois o cara era gentil, inteligente e articulado. Vai fazer falta, sem sombra de dúvidas. Grande abraço e obrigado pela visita qualificada de sempre!!!

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