Por Fabian Chacur

No ano em que irá comemorar 50 anos de idade, Johnny Marr enfim resolve encarar um momento solo. Em seus mais de 30 anos de carreira musical, o guitarrista, cantor e compositor britânico dedicou seus esforços a grupos próprios e a trabalhos alheios. Desta vez, ele nos oferece The Messenger, 1º trabalho individual. E se deu muito bem.

Considerado um dos melhores guitarristas e compositores da história do rock, Johnny Marr entrou para a história inicialmente como integrante dos Smiths. Tendo como parceiro o cantor Morrissey, ele compôs grandes clássicos e gravou álbuns e singles inesquecíveis com a banda, entre 1982 e 1987.

Depois do fim daquele grupo, integrou bandas como Electronic, Pretenders, The The, Modest Mouse e The Cribs e gravou e/ou fez shows com nomes do gabarito de Pet Shop Boys, Talking Heads, Bryan Ferry e muitos outros. Ele também liderou a banda Johnny Marr And The Healers, o mais próximo que esteve até então de ser um artista solo.

The Messenger (lançado no Brasil pela Warner) é um álbum compacto, sem exageros nem ambições exageradas. Trata-se de um trabalho de rock melódico, repleto de boas canções e centrado em torno delas. Marr não abriu mão de seu principal talento, que é o de adornar com raro bom gosto e muita criatividade as belas canções que escreve.

Um tempero de Smiths surge em alguns faixas, especialmente na que abre o álbum, a ótima The Right Thing Right, que lembra um pouquinho Stop Me If You Think You’ve Heard This One Before (título que se torna irônico pela comparação), mas sem cair no plágio ou na autoreferência preguiçosa.

I Want The Heartbeat é um rockão bem sacudido, enquanto Lockdown cativa pela intensidade, riff perfeito de guitarra, bela melodia e um refrão certeiro. A faixa-titulo traz leves toques psicodélicos, e uma letra irônica, que afasta de si a pretensão de ser “um mensageiro”, ou seja, um “profeta pop” ou coisa do gênero.

Sun And Moon, com seu riff a la Kinks, e o rockão com letra descabelada Word Starts Attack são outros bons momentos de um álbum sem excessos nem sobras. Outro mérito de Marr é se valer com categoria de sua voz de timbre comum e pequena extensão, tornando-a muito mais agradável do que poderia se esperar.

The Messenger é um trabalho extremamente bem formatado, no qual fica fácil entender o porque Johnny Marr continua sendo tão influente entre as novas bandas. Poucos músicos conseguem ter um estilo tão marcante e usá-lo de forma tão sensata e com tanta habilidade como ele, que não poderia ter estreado melhor como artista solo.

Ouça The Messenger, com Johhny Marr: