Por Fabian Chacur

Durante os quatro anos em que esteve atuando no cenário do rock and roll, entre 1968 e 1972, o Creedence Clearwater Revival lançou sete álbuns, sendo que dois deles atingiram o primeiro lugar na parada americana, e nove singles (extraídos desses CDs) atingiram o Top 10 ianque. Poucos grupos conseguiram tanta repercussão em termos comerciais em tão pouco tempo.

Até hoje, 41 anos após sua dissolução, a banda continua vendendo muitos discos, sendo 26 milhões deles nos EUA e algo do gênero no resto do mundo. John Fogerty, cantor, compositor, guitarrista e líder do time, continua cantando esses hits mundo afora, assim como seus ex-colegas Doug Cosmo Clifford (bateria) e Stu Cook (baixo), esses no grupo Creedence Clearwater Revisited.

Mas o que essa banda, que também contava com o saudoso Tom Fogerty (1942-1990), guitarra-base e irmão de John, fez para merecer tantos fãs? Ao contrário de alguns artistas marca barbante que também venderam muito a custa de tramoias comercialóides e de quem hoje ninguém mais lembra, eles fizeram pura e tão somente o melhor rock and roll possível. E que rock and roll!!!

Uma boa forma de conhecer ou de recordar a obra do CCR é a recém-lançada no Brasil coletânea Greatest Hits & All Time Classics, a mais abrangente e acessível em termos de preço (menos de R$ 50 por três CDs!) já disponibilizada no mercado fonográfico. Temos aqui dois discos com 40 das 65 faixas lançadas nos álbuns da banda, mais um terceiro CD com 12 músicas registradas ao vivo.

A seleção das músicas é ótima, sendo que a sequência delas, embora não siga ordem cronológica, permite uma audição fluente e deliciosa. Temos todos os hit singles, como Proud Mary e Have You Ever Seen The Rain?, além de faixas bem bacanas extraídas dos LPs e não tão conhecidas, entre as quais as sublimes It Came Out Of The Sky, Porterville, Bootleg e Tombstone Shadow. A capa é linda e traz ótimas fotos, e temos também um belo encarte com textos e informações sobre as gravações.

O CCR serve como bom exemplo de como uma banda pode partir de estéticas musicais preexistentes, no caso rock and roll básico dos anos 50, blues, rhythm and blues, country, folk e soul music, criar uma abordagem própria e se tornar imortal. A rigor, John Fogerty não criou nada em termos gerais. No entanto, refinou essas linguagens de forma tão genial que se tornou mais importante do que muitos criadores de fato.

Com um vozeirão impactante, guitarra sempre ágil e composições que exploram o legado dos ritmos em que se baseou de forma ao mesmo tempo respeitosa e criativa, Fogerty virou um dos nomes mais espetaculares do rock and roll. Lógico que o apoio da sólida guitarra-base do irmão e da irrepreensível e swingada cozinha rítmica formada por Cook e Cosmo tornaram a coisa ainda melhor.

Ao vivo, o quarteto (que se tornou trio a partir do final de 1970 com a saída de Tom) arrepiava, o que as faixas ao vivo incluídas no CD 3 desta compilação exemplificam muito bem. Para mim, o ideal é mesmo ter todos os álbuns do CCR (incluindo dois ótimos CDs ao vivo Live in Europe-1973 e The Concert-1980), mas esta coletânea é a melhor e mais abrangente, se esse for o seu desejo.

O importante, mesmo, é mergulhar de cabeça em um dos melhores acervos de rock and roll de todos os tempos, e curtir cada sutileza, cada virada rítmica, cada improvisação, e cair na gargalhada toda vez que algum cabeça de alfinete vir com aquela conversa de que “rock básico é música dura e sem criatividade, com só três acordes”. Vá na desses caras…e quebre a cara!!!

Ouça vários hits do Creedence Clearwater Revival em streaming: