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DVD de Rogério Rochlitz é cativante

Por Fabian Chacur

Descobri Rogério Rochlitz por acaso, ao vê-lo fazer excelente abertura para um show de Guilherme Arantes em dezembro de 2012. Bela descoberta. Desde então, acompanho com atenção o seu trabalho, e inclusive já resenhei aqui em Mondo Pop seu excelente CD Móbile (leia aqui). Agora, é a vez de dar a minha opinião referente a seu DVD Cores ao Vivo (Itaú Cultural/Tratore/Independente) e só tenho elogios para o mesmo. Coisa finíssima mesmo!

Com pouco mais de 40 anos de idade, Rogério é um cara com sólida formação técnica como músico e bastante versátil como profissional, pois atua como tecladista, compositor, arranjador e produtor, sempre com nível de excelência dos mais altos. Integrou nos anos 90 a ótima banda Jambêndola e tocou com gente do naipe de Elton Medeiros, Paula Lima e Danilo Caymmi, além de integrar o célebre Trio Mocotó.

Sua carreira solo é centrada na música instrumental, e ele mostra mais uma vez que dá para investir nessa seara sem cair no virtuosismo excessivo ou no que alguns apelidam de “música só para músicos”, repletas de acordes e levadas rítmicas difíceis que, no entanto, pouco cativam o público neófito ou sem tanto conhecimento teórico. Rochlitz não cai nessa armadilha, e faz música para todos, sem amarras ou restrições.

Seu DVD traz músicas que fundem jazz, forró, baião, bossa nova, samba, pop, chorinho e o que mais pintar sempre de forma fluente e boa de se ouvir. Os instrumentos entram sempre nas horas certas e dialogam entre si com o objetivo de servir cada tema, sem arroubos ou exageros metidos a besta. Os solos e acompanhamentos elaborados ocorrem, mas de forma a gerar prazer nos ouvidos alheios. E como geram!

A abordagem que Rogério Rochlitz e sua banda mostram em termos de ritmos brasileiros é deliciosa, mesclando-os sem medo de ser feliz com funk de verdade e jazz, por exemplo. Dá para dançar, para ouvir atentamente ou para curtir com a pessoa amada. Faixas como Simbora, Mashish, Filarmônica da Chipônia, Maré, Estrela Azul e Suíte Baião são bons destaques dessa fusion brazuca contagiante e levada da breca.

O músico também mostra Tempo e Meio Sonho no esquema piano solo, e demonstra muita técnica, sensibilidade e swing, elementos que me conquistaram logo na primeira vez que o ouvi se apresentando ao vivo. Impressionante como o cara toca piano e como o cara respeita o seu instrumento, dosando as notas e as harmonias e dividindo generosamente com a plateia o prazer que esbanja ao tocar.

A banda que o acompanha é impecável, com Fábio Sá (baixo), João Poleto (sopros), Amílcar Rodrigues (sopros) e o lendário João Parahyba (percussão), fundador do Trio Mocotó e célebre por participações marcantes em discos de artistas como Jorge Ben Jor e Ivan Lins, só para citar dois. Só o baile percussivo dessa fera já valeria o DVD, que no entanto tem mais, muito mais.

Cores Ao Vivo é um documento concreto de como a música instrumental brasileira pode mergulhar em caminhos igualmente elaborados, criativos e acessíveis ao ouvido médio, permitindo a quem o ouve ter o mesmo tipo de reação que nossos pais e avós tinham ao ouvir os mestres geniais do chorinho como Altamiro Carrilho, Luperce Miranda e tantos outros, que criavam genialmente e entretinham com habilidade ao mesmo tempo.

Veja o clipe de Prince No Sambão, com Rogério Rochlitz:

2 Comments

  1. esse meu parceiro é mesmo um gÊnio!!!
    discos e atuações ao vivo maravilhosos!!!

  2. admin

    March 17, 2014 at 5:40 pm

    Está bem de parceiro, heim, Paulo? O Rogério é realmente muito bom, e merece ter sua obra apreciada por muita gente, que só ganhará com isso. Grande abraço e obrigado pela visita!

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