nau_1

Por Fabian Chacur

Morreu na tarde desta segunda-feira (14) aos 51 anos a cantora, compositora, colunista e ativista LGBT Vange Leonel. Ela foi vítima da metástase de um câncer no ovário descoberto há apenas 20 dias, e estava internada no Hospital Santa Isabel/Santa Casa, em São Paulo. A artista deixa a jornalista Cilmara Bedaque, companheira há quase 30 anos.

Vange ficou conhecida no meio underground paulistano nos anos 80 integrando a banda Fix-Pá. Logo a seguir, criou o grupo Nau com Zique (guitarra), Beto Birger (baixo) e Mauro Tad Sanchez, que em pouco tempo foi convidado a participar da coletânea Não São Paulo II, do selo Baratos Afins. Antes da compilação sair, no entanto, o quarteto foi contratado pela CBS/Sony Music.

Nau (1987), primeiro e único LP lançado pelo quarteto paulistano, entrou para a história como um dos melhores álbuns de rock dos anos 80, combinando hard e heavy rock com refinamento e muito pique. Bons Sonhos é um dos destaques deste álbum, que levou o grupo a ter ótimas matérias e a ser capa da revista independente paulistana Som & Imagem, da qual este repórter era o editor à época.

nau-1987-nau

Mesmo com tantos elogios e tendo feito ótimos shows, entre os quais um antológico no Sesc Pompeia na mesma programação que incluía outra banda clássica daquele período, o 365, o Nau acabou saindo de cena sem o reconhecimento que merecia. O seu único LP e a participação em Não São Paulo II são seus únicos registros oficiais.

Em 1991, Vange Leonel voltou à cena novamente pela Sony Music, mas com um álbum solo homônimo no qual investia em dance music à sua moda. O grande destaque do CD foi Noite Preta, faixa que acabou como tema de abertura da novela global Vamp e se tornou seu maior sucesso comercial. Bom exemplo de música de qualidade que atraiu as massas.

Infelizmente a trajetória solo de Vange também não teve continuidade em termos de sucesso, e ela acabou se tornando mais conhecida por sua atuação como colunista defendendo os direitos do público LBGT em veículos como a Folha de S.Paulo. Neles, esbanjou bom senso e a capacidade de tratar de temas delicados com sensibilidade.

Madame Oráculo– Nau:

Bons Sonhos– Nau:

Noite Preta– Vange Leonel: