Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Sergio Pi investe em requinte e estreia com bom álbum pop

sergio pi capa 400x

Por Fabian Chacur

Sergio Pi possui extensa experiência atuando na indústria fonográfica. Há dez anos, resolveu aproveitar essa cancha em um negócio próprio, o selo Lab 344, que se tornou um dos mais importantes do Brasil, com direito a lançar títulos de artistas do naipe de Duran Duran, Suzanne Veja e Cyndi Lauper. Agora, é a vez de um novo nome: ele próprio.

Embora músico há muitos e muitos anos, Sergio Pi só agora resolveu lançar sua estreia como artista. Trata-se do CD Meu Pop É Black Power, que chega oficialmente às lojas em março pela Lab 344. Uma audição atenta das 12 faixas contidas nesse trabalho explicam tanta demora. Temos aqui um artista detalhista, talentoso e ambicioso ao extremo.

As referências sonoras exploradas por este cantor e compositor são definidas por ele como os trabalhos que Rita Lee e Roberto de Carvalho, Guilherme Arantes, Prince, Bee Gees e Gilberto Gil realizavam entre 1977 e 1983. Eu acrescentaria à essa mistura gente como Kool & The Gang, The Whispers, Com Funk Shun, Shalamar e da dupla Lincoln Olivetti e Robson Jorge.

Essa deliciosa era da música marcou uma mistura da seminal disco music com pop eletrônico, funk music, soul e, no caso do Brasil, MPB, gerando dessa forma uma sonoridade ao mesmo tempo pop e acessível, mas com requintes sonoros proporcionados por instrumentos vintage, novos teclados que surgiam e ótimos músicos. Ou seja, não era fácil de se fazer.

Para realizar seu sonho, Sergio contou com um elenco estrelado de músicos que inclui o consagrado guitarrista americano Paul Pesco (conhecido por seus trabalhos com Madonna e Annie Lennox, entre outros), o produtor japonês Hide Tanaka e também Dudu Viana, Hiroshi Mizutani, Bombom e Flavio Mendes. A mixagem foi feita por Jason Schweitzer (Eminem) e a masterização ficou por conta de Chris Gehringer (Jay-Z, Robin Thicke).

Lógico que time nenhum daria conta do recado se o repertório do álbum fosse ruim, e Sergio nos oferece um ótimo set list, com direito a músicas próprias bem bacanas e releituras personalizadas como Girassóis da Noite (Lobão) e Barriga da Mamãe (Rita Lee e Roberto de Carvalho). Aliás, triste ver a letra dessa última, lançada há mais de 30 anos, e senti-la mais atual do que nunca neste doloroso 2015.

Não faltam momentos bacanas em Meu Pop É Black Power. Desesperadamente, por exemplo, é um funk pop com influências dos Whispers de And The Beat Goes On. Pelo Mundo é a cara da Rita Lee anos 80, mesmo DNA presente na deliciosa Integrando Amor. Oito Minutos é uma espécie de mix de Tears Of a Clown (Smokey Robinson & The Miracles), Don’t Go Breaking My Heart (do Elton John), Amor Objeto (Rita, sucesso com Ney Matogrosso) e Steal Away (Robbie Dupree), sem soar cópia de nenhuma delas.

Meu Pop É Black Power é aquele tipo de trabalho que pode agradar tanto ao fã casual de música pop como àqueles apreciadores mais exigentes, que percebem os requintes de cada instrumento, vocalização ou arranjo. Feito por alguém nitidamente apaixonado por música e disposto a lançar algo à altura de seu sofisticado gosto musical. E que conseguiu seu intuito.

Desesperadamente– Sergio Pi (clipe):

Oito Minutos– Sergio Pi (lyric video):

1 Comment

  1. Sensacional!

Leave a Reply

Your email address will not be published.

*

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑