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Marcos Bowie: dos bastidores ao centro dos holofotes enfim

marcos bowie gal oppido 400x

Por Fabian Chacur

Com mais de 20 anos de carreira, o cantor e músico Marcos Bowie é figurinha carimbada do cenário paulistano da música. Nesse tempo todo, tocou com Karnak, Orquestra Paulista de Soul, Nazi & Os Irmãos do Blues e The Central Scrutinizer Band, além de participar de gravações de Pato Fu, Zeca Baleira etc. Já estava na hora de dar a sua cara a bater em versão solo.

Lógico que existem excelentes sidemen no cenário musical que nunca investem em carreiras individuais. Nada contra. Mas que é legal ver alguns deles arriscando sair dos bastidores das bandas de apoio e gravações para encarara os holofotes, isso é. E Marcos Bowie acaba de fazer isso em Bom Como Beber Água, seu primeiro CD solo. Belo gesto!

Embora toque trompete em duas das onze faixas do CD, Marcos Bowie concentra seu poder de fogo na função de cantor. Todas as músicas são de outros autores, incluindo feras como André Abujamra, Maurício Pereira, Os Mulheres Negras (a dupla formada pelos dois citados), Lenine, Fernando Salem, Fernando Figueiredo, Kleber Albuquerque e Sandra Myazawa.

O estreante como artista solo define o seu universo temático como o do amor, mas indo além do mero romantismo e das relações afetivas amorosas, avançando rumo a todas as vertentes que esse sentimento possui: amor a vida, amor próprio, aos entes queridos etc. Tudo abordado com a sensibilidade que nem sempre é bem vista nos homens por puro preconceito idiota e machista.

A produção de Bom Como Beber Água ficou a cargo de André Abujamra, que dá um banho de versatilidade e bom gosto, indo desde arranjos eletrônicos com puro teor pop até momentos quase sinfônicos, no melhor estilo voz + cordas. O resultado é um álbum extremamente sofisticado, que vai do introspectivo ao dançante em questão de minutos, mas sempre com categoria e bom senso, sem cair em “cabecices” herméticas.

Marcos Bowie se mostra um intérprete de voz ao mesmo tempo forte e doce, conduzindo cada canções com uma teatralidade sem exageros e bastante original. Ele extrai de cada composição as suas essências, soando ousado. Não por acaso, o álbum começa e termina com canções que tem o mar como temática, respectivamente Pescador e Pedra e Areia. Nesta última, temos uma arrepiante interpretação a capella, tendo como fundo sons marítimos. Viajante!

A fusão reggae/percussão de Vapor, a introspecção da divina Common Uncommunicability, a balançada e eletrônica Florida, as delicadas e quase sinfônicas Deus, Colar de Prata e Nome das Coisas e a deliciosamente pop e dançante Me Love Me equivalem a momentos bacanas de um CD repleto de boas surpresas em seus acordes e melodias.

Se sempre demonstrou muito talento para abrilhantar projetos alheios, desta vez Marcos Bowie prova que também sabe ser protagonista, e dos bons. Se fosse ator, certamente acabaria concorrendo tanto ao Oscar de ator coadjuvante como o de ator principal, pois se vira bem nas duas. Bom Como Beber Água é um disco pop inteligente e sofisticado feito por um cantor preparado para ocupar o centro das atenções.

Vapor (ao vivo)- Marcos Bowie:

1 Comment

  1. Eu conheço a bela voz de Marcos Bowie a anos, e esperava ansioso por este disco!
    A espera foi muito bem recompensada! Bom como beber água é um disco maravilhoso, elegante e de muito bom gosto!
    Concordo com tudo que está neste bem escrito artigo, que conseguiu sintetizar em palavras a essência sensível do Marcos e a alma das faixas do disco!

    Parabéns!

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