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John Lennon 75: dá para falar algo de inédito sobre o gênio?

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Por Fabian Chacur

Nesta sexta-feira (9), na qual John Winston (Ono) Lennon completaria 75 anos de idade, fica a pergunta: o que falar desse genial cantor, compositor e músico britânico que alguém já não tenha falado, escrito, comentado? A resposta pode ser essa aqui: e quem disse que o inédito é sempre o mais importante? O importante é dizer o que de fato importa, quantas vezes for necessário. Então, Imagine guy, essas palavras são para você!

John Lennon foi uma das figuras mais importantes e marcantes da história do rock. Nos Beatles, personificou o lado mais rebelde e incisivo, embora também soubesse ser romântico e sonhador. Aliás, um dos pontos fortes de sua criação artística é exatamente essa dualidade agressividade-romantismo, capaz de ir do protesto mais ácido à canção de amor mais emotiva e direta. Sempre com muita inspiração e entrega.

Influenciado por pioneiros como Buddy Holly, Chuck Berry, The Everly Brothers e tantos outros, esse nativo de Liverpool soube criar uma sonoridade própria, repleta de experimentação, paixão e intensidade, na qual boas melodias, harmonias vocais bacanas e grandes sacadas sobre a vida e como vivê-la sempre apareciam em cena.

Nos Beatles, deixou como marca canções do naipe de You Can’t Do That, Help!, Strawberry Fields Forever, Come Together, I Am The Walrus, I Want You (She’s So Heavy), todas repletas de conteúdo e intensidade. Aliás, em seus curtos 40 anos de vida, soube aproveitar para mergulhar fundo em sua obra, uma das melhores da história do rock and roll.

Fora dos Fab Four, construiu uma trajetória sólida e instigante como artista solo. Do sonho utópico de Imagine à dureza de Working Class Hero, da agressividade engajada de Gimme Some Truth ao romantismo doce de Oh! My Love, do experimentalismo gritado de Well Well Well à doçura poética de Watching The Wheels, o cara soube instigar seus ouvintes.

Sem medo de dizer aquilo que pensava, Lennon sempre foi contraditório, capaz de generosidade extrema e de crueldade também extrema, mas sempre dentro dos limites de um ser humano diferenciado. Errou, sim, mas nunca teve medo de admitir quando percebia que havia pisado na bola. Transparente, direto, franco, esse era o Lennon que ficou para a posteridade.

Após quase cinco anos longe de cena, que dedicou aos primeiros anos do filho que teve com Yoko Ono, que por sinal completa nesta mesma sexta-feira (10) 40 anos de idade, o astro britânico voltou à tona em 1980 com força total, proporcionando a nós músicas maravilhosas como (Just Like) Starting Over, Watching The Wheels e a intensa Beautiful Boy (Darling Boy), da qual faz parte um dos versos mais profundos jamais escritos:

“…life is what happens to you, while you’re busy making other plans…” (a vida é o que acontece a você, enquanto você está ocupado fazendo outros planos).

Aí, eu respondo à pergunta feita no início desse texto: pra que se obrigar a inventar algo inédito, se é possível se repetir mensagens positivas e que continuam tão importantes hoje como eram quando surgiram? Que as mensagens de John Lennon continuem sendo divulgadas, que continuem sendo apreciadas e que continuem nos emocionando.

Gimme Some Truth– John Lennon:

>Well Well Well– John Lennon:

What You Got– John Lennon:

Mind Games– John Lennon:

Beautiful Boy (Darling Boy)– John Lennon:

4 Comments

  1. Claudio Finzi Foá

    October 10, 2015 at 11:31 am

    Beatlemaníacos, e fãs de John em especial, não percam um filme espanhol que acaba de entrar em cartaz em algumas salas paulistanas, praticamente sem divulgação. Chama-se “Viver é fácil com os olhos fechados” (eu o assisti na Mostra de Cinema do ano passado). É uma ficção inspirada num fato real ocorrido em 1966, a época em que Lennon esteve na Espanha filmando “Como ganhei a guerra” sob direção de Richard Lester. Fabian, vá assisti-lo e faça uma resenha aqui no MondoPop, isso é uma cobrança! abraço, claudioShrinked

  2. admin

    October 13, 2015 at 1:58 am

    Valeu pela dica, Cláudio. Vou ver se consigo ver, pois sabe como é, esses filmes entram e saem de cartaz como flechas. O documentário sobre o Woody Allen, por exemplo, ficou pouco tempo em cena, e eu acabei perdendo. Grande abraço e tudo de bom!!!

  3. vladimir rizzetto

    October 13, 2015 at 1:30 pm

    Salve Fabian “Enciclopédia” Chacur!
    Eis um artista controvertido, genial e quase indefinível.
    Confesso que tenho uma relação de amor e fortes reservas com o ex-Beatle. Um músico capaz de criar obras magníficas, porém, incapaz de viver plenamente sua mensagem de paz e amor na vida pessoal.
    Artista da mais fina sensibilidade e perspicácia, John Lennon era um brucutu na vida íntima, tendo sentado a mão em todas suas mulheres, desde a primeira namoradinha em Liverpool até Yoko. Bem, pelo menos isso é o que diz David Comfort, no livro Os Mortos do Rock.
    Verdade ou não, isso realmente pouco importa, afinal, astros do rock são todos, em sua maioria, contraditórios, afetados, soberbos e hedonistas e, John Lennon, é claro, não era exceção.
    A razão para abordar esse assunto é que paira sobre John Lennon uma aura – indevida, ao meu ver -, de ininputabalidade moral.
    Apesar do exposto acima, Fabian, acredite, sou um fervoroso fã de Beatles (muitos graus abaixo de você, é claro rsrs) e do trabalho solo de Lennon, conquanto, reafirmo, não concorde com alguns posicionamentos extra musicais do artista.
    No que tange à obra dos Beatles, já foi testada plenamente e venceu a maior das barreiras, o tempo! Foi, é e sempre será uma das bandas mais incríveis, indefiníveis e influentes de todos os tempos. E John Lennon tem parte importante nisso, of course!
    Quanto ao trabalho solo, acho que carece de um exame mais crítico, digo isso, porque considero Plastic Ono Band, Imagine e Walls and Bridges, por exemplo, álbuns clássicos dignos de maior apreço por parte da crítica especializada. Não que isso mude alguma coisa para nós, os fãs, mas é apenas uma constatação.
    Enfim, todos nós gostaríamos que Lennon estivesse por aqui, brindando-nos com seu humor sarcástico e genialidade musical, mas não foi possível.
    Então, ouçamos incessantemente suas músicas maravilhosas!
    Grande abraço Fabian!

  4. admin

    October 14, 2015 at 12:02 am

    Bela análise, Vladimir. Lennon foi um cara controvertido na vida artística e pessoal, sem sombra de dúvidas. Era um ser humano como nós, sujeito a erros e acertos, a altos e baixos, e alguns de seus baixos foram bem baixos. Felizmente o que ele nos deixou de bom foi um acervo maravilhoso de grandes canções, tanto com os Beatles como na carreira solo. E é isso que o tornou eterno. Grande abraço e muito obrigado pela visita qualificada de sempre!!!

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