bon jovi burning bridges capa-400x

Por Fabian Chacur

Foram 32 anos anos de parceria, com direito a milhões de discos vendidos mundo afora e muitos hits radiofônicos. Mas a separação ocorre agora de forma beligerante. De um lado, o grupo americano Bon Jovi, um dos mais populares em termos mundiais. Do outro, o selo Mercury, integrante do conglomerado Universal Music. O último fruto dessa parceria que parecia ser eterna é o álbum Burning Bridges, que traz peculiaridades bem interessantes, e uma pimentinha no meio, que ninguém é de ferro.

Logo de cara, chama atenção a apresentação visual do CD, cuja embalagem mais lembra a de um álbum pirata. A capa imita aqueles envelopes internos que protegiam os LPs de vinil, com direito à simulação das marcas do centro e das bordas do disco. Sem fotos, apenas o nome do álbum e do grupo escritos à mão. Encarte? Apenas a contracapa, com não mais do que os nomes das músicas e os de seus autores. Nem letras, nem ficha técnica, nem nada.

Outra marca é o número de músicas, apenas dez, ao contrário das habituais 14 de sempre. Trata-se do primeiro álbum de estúdio do grupo de New Jersey a não contar com a participação do guitarrista Richie Sambora, que saiu do time em 2013. Ele só marca presença como o coautor do ótimo rock Saturday Night Gave Me Sunday Morning. David Bryan (teclados) e Tico Torres (bateria), da formação original, continuam no time, assim como o baixista Hugh McDonald, que entrou no grupo em 1994 no lugar de Alec John Such.

Duas presenças são importantes em Burning Bridges. Uma é a do produtor, músico e compositor John Shanks, conhecido por seus trabalhos com artistas do gabarito de Stevie Nicks, Sheryl Crow, Melissa Etheridge, Bonnie Raitt, Carlos Santana, Sting e Michelle Branch. Ele coproduz o álbum com o cantor e é o coautor de quatro faixas, incluindo a única de Sambora (que também leva o nome de Jon na parceria).

Em termos musicais, o álbum é quase que uma volta às raízes da banda, com um som mais próximo do hard rock melódico dos anos 80 que lhes trouxe tanta fama, mas com doses de rock básico e baladas pop. O tempero country que marcou anos mais recentes só aparece na faixa título, que encerra o trabalho com uma mistura de melodia assobiável e ritmo gostoso a uma letra ácida, repleta de recados diretos aos atuais dirigentes da Mercury/Universal.

Só para vocês terem uma ideia, lá vão alguns dos versos, em tradução livre: “sayonara, adiós, goodbye, aqui está uma última canção que você pode vender, vamos chamar de Burning Bridges, ela é simples, também toque para seus amigos no inferno; após 30 anos de lealdade, eles te deixam cavar a sepultura; espero que meu dinheiro e meus senhores comprem um lugar na primeira fila do inferno”. É, é uma letra do Bon Jovi. Dá para acreditar?

O disco chegou ao 13º lugar na parada americana, posição bem abaixo do habitual para o grupo, e traz algumas canções bacanas, entre as quais a apimentada faixa-título, o rock Saturday Night Gave Me Sunday Morning e a contagiante I’m Your Man, com aquele tipo de refrão típico da banda. Vale lembrar que burning bridges é uma expressão idiomática americana que equivale a “chutar o pau da barraca” ou “não deixar pedra sobre pedra”. E o grupo promete para breve o novo álbum em um novo selo, provavelmente deles próprios.

obs.: temos também uma curiosidade para brasileiros. Lembram do disco que Roberto Carlos lançou em 1981 só com música em inglês? A canção que mais se destacou, Sail Away, era de autoria de Billy Falcon. Pois esse cantor, compositor e músico americano de 61 anos é parceiro de Jon Bon Jovi desde o início dos anos 1990, tendo por volta de 30 músicas escritas com ele, sendo quatro delas incluídas neste novo CD.

Burning Bridges– Bon Jovi:

Saturday Night Gave Me Sunday Morning– Bon Jovi:

I’m Your Man– Bon Jovi: