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Por Fabian Chacur

As mortes de nomes importantes no cenário musical estão aumentando de forma exponencial nos últimos tempos. Dá medo. Uma semana após David Bowie, agora é a vez do americano Glenn Frey nos deixar, nesta segunda-feira (18), aos 67 anos. Cantor, compositor e guitarrista, ele era o líder, ao lado do baterista, cantor e compositor Don Henley, dos Eagles, uma das bandas de rock mais bem sucedidas em termos comerciais da história do rock.

Nascido em Detroit no dia 6 de novembro de 1948, Glenn Frey deu seus primeiros passos rumo à fama tocando com o roqueiro Bob Seger (que ficou bem mais famoso nos anos 1970), no final da década de 60. Pouco depois, mudou-se para Los Angeles, onde montou com o cantor e compositor J.D. Souther a banda Longbranch Pennywhistle, que lançou um único álbum em 1969, sem muito sucesso.

Ambicioso, Frey encontrou o parceiro perfeito em 1970, Don Henley. Ambos queriam montar uma banda que pudesse explorar o então emergente country rock com a mesma qualidade técnica e artística dos Beatles. Ao lado de Bernie Leadon (guitarra) e Randy Meisner (baixo e vocal), criaram um time que chegou a acompanhar em 1971 a também iniciante cantora Linda Ronstadt. Não demorou para eles resolverem seguir seu próprio caminho, o que ocorreu em 1972.

The Eagles, o primeiro álbum, foi surpreendentemente gravado na Inglaterra, tendo como produtor Glyn Johns, conhecido por seus trabalhos com o The Who, The Who e os Rolling Stones, e inclui o primeiro hit dos caras, o delicioso country rock Take It Easy. Desperado, o segundo álbum, saiu em 1973, e com sua concepção conceitual não teve tanto sucesso, levando a banda a buscar novos rumos.

On The Border (1974) teve apenas duas músicas produzidas por Johns, com o resto do repertório ficando nas mãos de Bill Szymczyk e trazendo a entrada do guitarrista Don Felder. Ironicamente, o grande hit do álbum foi uma das duas trabalhadas por Glynn, a belíssima balada The Best Of My Love, que chegou ao primeiro lugar nos EUA como single.

Estava aberto o caminho para um estouro de verdade para o agora quinteto, que veio logo a seguir com o álbum One Of These Nights, primeiro trabalho da banda a atingir o topo da parada ianque. O sucesso do grupo foi tão grande que justificou poucos meses depois o lançamento da coletânea Their Greatest Hits 1971-1975, que vendeu 29 milhões de cópias e que só perdeu recentemente para Thriller, de Michael Jackson, a marca de álbum mais vendido da história nos EUA.

Com a saída de Bernie Leadon, o time cresceu com a entrada do já badalado pela crítica e público Joe Walsh, guitarrista, cantor e compositor que tinha em seu currículos bons trabalhos solo e com a banda James Gang. Sua estreia foi triunfal, em 1976, com o álbum Hotel California (1976), cuja faixa título se tornou um dos grandes standards do rock, apreciada por milhões de pessoas no mundo todo.

A fama manteve a banda na estrada o tempo todo e tornou complicada a gravação de um novo álbum, especialmente por causa dos problemas entre os músicos. The Long Run veio finalmente em 1979, com Timothy B. Schmidt na vaga de Bernie Meisner, e vendeu muito, considerado por alguns como seu melhor trabalho, mas a banda não conseguiu segurar a onda e em 1980, após uma briga feia entre Glenn Frey e Don Felder no fim de um show, encerrou suas atividades.

O clima entre os ex-colegas da banda após seu final era tão pesado que, ao ser perguntado sobre se seria possível um retorno, um de seus integrantes afirmava que isso só ocorreria “quando o inferno congelasse”. Enquanto isso não ocorria, todos investiam em projetos solo, sendo que Don Henley ficou com o respeito da crítica.

Henley também vendia muitos discos, enquanto seu ex-parceiro Frey ficou só com boas vendagens, pois os analistas musicais achavam sua obra solo muito comercial. Seja como for, ele emplacou músicas bem bacanas nos anos 1980, entre as quais The Heat Is On (tema do filme Um Tira da Pesada) e duas da trilha do seriado televisivo Miami Vice, You Belong To The City e Smuggler’s Blues, simples e diretas.

Em 1993, os grandes astros da música country de então resolveram gravar um álbum relendo músicas dos Eagles, a compilação Common Thread-The Songs Of The Eagles, e um dos participantes, Travis Tritt, convidou os ex-colegas de Eagles para participar do clipe de sua releitura (muito legal, por sinal) de Take It Easy. Eles se divertiram, começaram a conversar e….isso mesmo, o inferno congelou legal!

Com o divertido título Hell Freezes Over, os Eagles voltaram à ativa em 1994 com um ótimo disco ao vivo incluindo quatro faixas inéditas gravadas em estúdio, entre elas Get Over It, com a cara despretensiosa e direta do trabalho de Frey. O CD bateu no primeiro posto da parada americana, e a partir daí, a banda volta e meia encarava novas turnês, com direito a um novo e ótimo disco duplo de inéditas em 2007, Long Road Out Of Eden, outro campeão de vendagens.

A história da banda foi contada com maestria, belos depoimentos recentes e muito material bacana de estúdio no documentário History Of The Eagles (2013), lançado em DVD inclusive no Brasil. Nele, dá para viajar na trajetória de uma banda que, se não brilhou artisticamente como Beatles, Rolling Stones e outras desse porte, nos deixou um legado dos mais consistentes. Sim, deixou, pois dificilmente o time irá adiante sem Frey. O depoimento de Don Henley deixa isso bem evidente, embora não com todas as letras.

Take It Easy– The Eagles:

The Best Of My Love– The Eagles:

Get Over It– The Eagles:

Heartache Tonight – The Eagles:

The Heat Is On– Glenn Frey: