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Por Fabian Chacur

Em 1991, saiu Corrida Noturna, primeiro álbum (EP) da banda paulistana Zona Proibida. Mesmo lançado em um momento no qual as portas estavam fechadas para o rock brazuca, o grupo conseguiu agitar bastante, com shows nos principais espaços para a música independente de São Paulo e também diversas aparições na TV. Coisa de guerrilheiros, mesmo.

Ainda eram os tempos heroicos do vinil, embora o CD já tivesse dado as caras por aqui. A Zona Proibida tocou em locais hoje históricos, como Woodstock Bar, Madame Satã, Café Pedaço, Espaço Retrô, Victoria Pub, Enigma, Blue Note Jazz Bar e nas casas de cultura de São Paulo. Também estiveram em programas como Antes (MTV), Zaap (apresentado por um ainda adolescente Rodrigo Faro), Dia a Dia (c/ Aimar Labaki), Clip Trip (com Beto Rivera) e por aí vai.

Infelizmente, as dificuldades levaram o time a sair de cena. Agora, 25 longos anos depois, ei-los de volta. São eles Miguel “Krafor” Barone (vocal e pandeiro), Marco Grecco (guitarra e vocais), Luis Bonelli (bateria) e Junior Fernandes (baixo). Acabam de lançar um novo EP, Pane Cega, mais uma vez com uma capa matadora com foto de Gal Oppido. E aí, fica a questão: como estão agora os “zoneados”?

Uma boa imagem para definir esse retorno: é como se eles tivessem ido fazer uma viagem de disco voador, ou no DeLorean de Marty McFly, e retornado agora, de sopetão, em pleno 2016. Nada mudou. Os caras continuam com a mesma sonoridade, influenciada de forma positiva por rock básico, hard rock, blues, folk e até jazz, com toques de Barão Vermelho, Cazuza, Deep Purple e por aí vai. Letras simples e bem sacadas, instrumental conciso e energético…

Ao contrário do que poderia parecer em uma primeira análise, essa manutenção de sonoridade só pode ser elogiada. Sinal de que existe aí uma profissão de fé em um rumo, que continua sendo válido e, mais importante, continua sendo feito pelos rapazes com a mesma determinação de sempre. Só que, agora, com mais experiência, mais maturidade, mais malandragem, no melhor sentido da palavra. Os atalhos são encontrados com mais tranquilidade.

Pane Cega traz sete faixas que não reinventam a pólvora nem pretendem revolucionar o cenário musical, mas que certamente injetam doses maciças do velho e bom rock and roll na veia de quem o ouvir. A voz de Krafor continua ótima, e seus colegas de time não complicam a parada. O country pop em Areia Movediça, o quase pop da deliciosa Pra Ser Feliz e Um Abraço (muito radiofônica), o rockão de O Universo é o Saber/Pane Cega e a boa releitura de A Chuva Está Caindo (que já havia aparecido no primeiro EP) são destaques.

Só para variar, a Zona Proibida surge em uma cena difícil. Quem sabe, até mais difícil do que naqueles complicados anos 1990. Os locais abertos a bandas com repertório próprio rareiam, as rádios não tocam material desse tipo, a mídia está fechada… Mas existe a internet, os podcasts independentes, os pequenos festivais. Fica a torcida para que, desta vez, Krefor e seus asseclas possam atingir o público que merecem.

Veja vídeos da Zona Proibida:

Corrida Noturna (ao vivo em 1991)- Zona Proibida: