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Por Fabian Chacur

Se você é daqueles fãs de classic rock com um tempero caprichado de blues, jazz e folk e busca algum artista atual que desenvolva bem essa fórmula mágica de se fazer música, precisa ouvir urgente Andre Gimaranz. O cantor, compositor, guitarrista e arranjador brasileiro esbanja categoria nessa praia em Supermoon, álbum de altíssima qualidade artística que ele lança no Rio de Janeiro nesta terça-feira (17) às 20h30 na Casa de Cultura Laura Alvim (avenida Vieira Souto, nº 176- Ipanema- fone 0xx21-2332-2016), com ingressos de R$25,00 a R$50,00.

Lógico que um álbum com a qualidade de Supermoon não sairia do nada, e o pedigree de Gimaranz é dos mais elogiáveis. Filho do violonista e guitarrista Antônio Carlos, que tem no currículo parcerias com Roberto Menescal e foi bastante atuante nas décadas de 1950 e 1960, ele é formado em guitarra na mitológica Berklee School, em Boston, e atuou como músico de estúdio e produtor de vinhetas para publicidade e trilhas sonoras nos EUA, especialmente em Nova York e Los Angeles.

Em 2014, ele resolveu investir em um trabalho autoral, que sairia no ano seguinte, o álbum Handmade. O álbum trazia composições próprias e duas releituras, Murder By Numbers (do The Police) e I Can’t Stand The Rain (hit com Tina Turner, Eruption e diversos outros artistas). “Pensava inicialmente em só incluir canções próprias, mas resolvi regravar essas duas, pois consegui fazer releituras delas de forma bem pessoal”, diz, em entrevista via telefone a Mondo Pop.

Além de fazer shows de divulgação do álbum nos EUA e no Brasil, Gimaranz também foi indicado nas categorias Disco do Ano e Música do Ano (Even) no IMEA Awards, importante prêmio criado pela Associação Internacional de Artes de Entretenimento da América. “O meu primeiro álbum teve uma aceitação interessante no meio independente internacional. Foi o possível para alguém independente”.

Depois de muito tempo radicado nos EUA, atualmente o músico se concentra um pouco mais em seu país, tanto que Supermoon foi gravado por aqui, com a masterização realizada em Nashville (EUA). Em relação ao 1º CD, algumas diferenças se sobressaem. “Desta vez, tenho alguns parceiros nas composições. Isso deu uma cor maior nesse segmento do meu trabalho”. Outra novidade: duas músicas em português.

Admito Que Perdi (de Paulinho Moska) e Construção (de Chico Buarque) me deram a oportunidade de investir no meu lado de arranjador, pois as trouxe para o meu universo musical; gravei oito tracks de guitarra em Construção, ficou bem diferente da versão original”. São as duas primeiras músicas gravadas por ele em português. “Não me sinto muito confortável para compor em português, mas pode rolar no futuro, quem sabe com um parceiro letrista”.

Supermoon conta com a produção do experiente Kadu Menezes (que já trabalhou com Kid Abelha, Leo Jaime e Lobão, entre outros). Marcam presença no disco músicos como Flávio Guimarães (Blues Etílicos), Billy Brandão e Guilherme Schwab (Suricato), entre outros. O álbum não se perde em solos excessivos de guitarra. “Lógico que o disco tem bastante guitarra, mas não vejo necessidade de fazer solos exibicionistas, procuro mostrar mais texturas, investir nos arranjos e valorizar as canções”.

Com dez faixas, o álbum inclui desde rocks mais vigorosos como State Of Rage And Fear e Tough Guys Don’t Dance até as delicadas Falling Appart e Reaching, com direito a cordas e metais. A diversidade do material bate com a concepção musical do artista. “Sempre ouvi muita coisa diferente, como rock, jazz,blues, bossa nova, e acho que sempre terá um pouco de tudo isso no que eu fizer; tem coisas mais pesadas, mais leves, o meu negócio é música boa, sempre”.

O álbum Supermoon pode ser encontrado em CD e também nas plataformas digitais, em lançamento do selo do artista, o Flawless Imperfections. Sobre a atual situação do mercado discográfico, Gimaranz tem uma opinião própria. “A internet trouxe coisas boas para os artistas independentes, e as gravadoras passaram a ser basicamente empresas de marketing. Acho que, no futuro, as gravadoras irão retomar a sua importância no surgimento de novos valores, pois é complicado para o artista fazer tudo ao mesmo tempo”.

Em termos de rock no Brasil, ele põe o dedo na ferida. “O rock perdeu muito espaço no Brasil, nos últimos 20 anos. O que se faz atualmente é muito ruim, sem melodias, nem acordes, falta criatividade. Acho que é um ciclo. E tem pouco rock nas rádios. O artista novo nasce morto por causa da pouca remuneração do streaming, que atualmente predomina. E para fazer shows, é preciso que conheçam a sua música, o artista com trabalho próprio sofre”.

Para acompanha-lo no show desta terça (17), Andre Gimaranz terá consigo uma banda afiadíssima formada por Billy Brandão (guitarra), Bruno Migliari (baixo), Alex Veley (teclado), Kadu Menezes (bateria) e ele próprio nas guitarras, violão, ukulelê e charango. No repertório, músicas de Supermoon, algumas de Handmade e releituras como Wolverine, dos Picassos Falsos.

Nesta segunda (16), Gimaranz fará uma Facebook Live Session a partir das 17h direto do estúdio Palco 41, no qual ele e sua banda estão ensaiando para o show desta terça (17). Você poderá ouvir um bate-papo com ele e também performances ao vivo. O link é aqui.

Falling Apart (clipe)- André Gimaranz: