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Por Fabian Chacur

Desde que lançou seu primeiro álbum de fato, Do Zero (2006), a cantora, compositora e musicista carioca Anna Ratto (conhecida até 2009 como Anna Luisa) batalha para se consolidar no competitivo cenário musical brasileiro com sua bela e delicada voz e um som próximo do que se rotulou como nova MPB. Com seu quinto CD, Tantas, lançado pela gravadora Biscoito Fino, ela investe essencialmente em canções alheias, e se dá bem.

Após Anna Ratto Ao Vivo (2015), a artista inicia um novo ciclo de sua trajetória ao lado de novos parceiros, os produtores Jr.Tostoi e Marcelo Vig. O fato de os dois atuarem com desenvoltura entre o rock e a MPB deu a ela os instrumentos para fazer um disco no qual a mistura entre esses dois gêneros musicais se apresenta delicada, criativa e com nuances capazes de proporcionar uma identidade própria.

O repertório do álbum traz apenas uma canção autoral, Frevolenta, parceria com Jam da Silva. As outras nove levam a assinatura de nomes talentosos das novas gerações da MPB, como Rodrigo Maranhão, Bruna Caram, Duda Brack e Caio Prado. Temos também Aviéntame, do excepcional grupo mexicano de indie rock mexicano Café Tacvba.

A voz doce, delicada e bem treinada de Anna se mostra bastante adequada para dar uma unidade ao álbum, que nos oferece samba com timbres roqueiros (Pode Me Chamar), levadas pop africanas eletrônicas mescladas ao nordeste brasileiro (Frevolenta), puro funk rock (Inemurchecível), balada blues com tempero rocker (Dom) e até uma espécie de valsa com teor erudito e arranjo idem (Ana Luisa).

Tantas esbanja bom gosto, detalhismo, doçura, uma pimentinha aqui e ali e versatilidade rítmica, tudo amarrado pelo vocal de Anna, cujo timbre nos lembra Marisa Monte, Roberta Sá e Gal Costa, mas sem nunca soar como cópia. É uma questão de semelhança de timbre, nada além disso, que ela certamente ignora, pois desenvolve bem seu próprio rumo. Eis um disco maduro, estiloso e cativante.

Pode Me Chamar– Anna Ratto: