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Demetrius, um dos grandes pioneiros do rock no Brasil

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Por Fabian Chacur

Demetrio Zahra Neto tinha apenas 18 anos quando, ao cantar sucessos de Elvis Presley em uma festa de aniversário, chamou a atenção do radialista Miguel Vaccaro Netto, que então iniciava um selo especializado no então emergente rock and roll, o Young. O convite para gravar um compacto simples de vinil veio, e o garotão boa pinta topou. Em 1960, Hold Me So Tight iniciava a trajetória do artista carioca radicado em São Paulo desde os seis meses de idade. Demétrius, o nome artístico adotado por ele, infelizmente nos deixou nesta segunda (11), deixando muita saudade e uma trajetória marcante para o pop-rock brasileiro.

Nascido em 28 de março de 1942, Demétrius marcou presença como um dos primeiros grandes ídolos do rock brasileiro. A repercussão de Hold Me So Tight gerou outro convite, desta vez para assinar com a gravadora Continental. A estreia veio em 1961 com a versão em português Corinna Corinna de hit do cantor Ray Peterson. A boa repercussão abriu alas para que ele lançasse o seu primeiro LP, Demetrius Canta…Com Amor e Mocidade (1962). E os sucessos se sucederam: Rock do Saci, Voltou a Carta, Hey! Baby, A Bruxa etc.

O maior estouro musical de sua carreira veio em 1964, quando O Ritmo da Chuva, versão feita por ele próprio para o sucesso Rhythm Of The Rain, do grupo The Cascades, literalmente invadiu as paradas de sucesso de todo o país, um rock-balada extraordinário, sem exagero. Em 1976, incluída na trilha sonora da novela global Estúpido Cupido (curiosamente situada no ano de 1961…), voltou com força total às programações de rádios e TVs, além de ajudar na venda do LP da Som Livre com as músicas daqueles anos incríveis.

Demétrius ficou amigo de um novo talento que começava a fazer furor na cena musical brasileira, um certo Roberto Carlos Braga, que gravou uma canção de sua autoria e também deu para Demétrius uma composição sensacional, Não Presto Mas Te Amo, um dos grandes hits de 1967. Versátil, o intérprete de voz de veludo também investiu em canções românticas: Esta Tarde Vi Chover, Que Me Importa e Muito Nova Para Mim, que o mantiveram nas paradas de sucessos.

Além de gravar seus próprios discos, Demétrius teve várias de suas canções e versões gravadas por grandes nomes da nossa música. Além do Rei, também se valeram de obras do carioca radicado em São Paulo Jerry Adriani, Vanusa, Antonio Marcos, Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Nalva Aguiar, Altemar Dutra e Ary Sanches. Nos anos 1970, ainda visitou as paradas de sucesso com os hits Nas Voltas do Mundo (1972), Encontro (1976) e O Menino e o Pilão (1978).

Entre 1981 e 2000, razões particulares o levaram a sair de cena do mundo artístico. O jejum acabou com o lançamento do CD Demétrius, pela gravadora Zan-Brasidisc, no qual ele mesclou releituras de seus grandes hits com algumas novidades. A partir daí, voltou a frequentar programas de TV de amigos como Miguel Vaccaro Netto e a fazer alguns shows. No meio artístico, uma das principais características ressaltadas por seus colegas era a simpatia, a gentileza e a classe. Ele nos deixa às vésperas de completar 77 anos, ironicamente em um dia de muita, mas muita chuva mesmo em São Paulo. Triste demais…

obs.: agradeço à sempre gentil colega Giseli Martins Turco por ter me informado dessa triste perda e pela foto de capa de um dos discos do maravilhoso Demétrius que ilustra essa matéria, dedicada ao grande Valdimir D’Angelo, meu mestre, que sempre alardeou aos quatro cantos ser esse cara bacana e talentoso o seu maior ídolo. Escolheu a dedo, e escolheu bem!

O Ritmo da Chuva– Demétrius:

2 Comments

  1. Valdimir D'Angelo

    March 11, 2019 at 7:56 pm

    Obrigado…

  2. Fabian Chacur

    March 11, 2019 at 9:05 pm

    Cara, imagino como você está se sentindo… Você não perdeu um ídolo, perdeu também um amigo! Era o mínimo que eu podia fazer. Grande abraço, mestre!

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