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Por Fabian Chacur

Rodrigo Suricato construiu nos últimos dez anos uma carreira repleta de acontecimentos bacanas. Entre eles, figura o projeto Suricato, que ganhou fama nacional em 2014 ao participar do reality show musical global Superstars. O cantor, compositor e multi-instrumentista carioca está lançando o terceiro álbum de sua carreira, Na Mão As Flores, que estará disponível nas plataformas digitais nesta sexta (26) e posteriormente em CD e (possivelmente) vinil.

Desta vez, Suricato se virou sozinho, tocando todos os instrumentos e produzindo o álbum, cujo lançamento está sendo feito pela Universal Music. Além de se preparar para os shows que divulgarão o álbum, ele também está em vias de lançar seu primeiro álbum como vocalista e guitarrista do Barão Vermelho (leia entrevista com a banda aqui), grupo que integra desde 2017.

Em entrevista a Mondo Pop, Suricato fala sobre seu novo álbum, o Barão Vermelho, as experiências ao lado de nomes como Zélia Duncan, Ana Carolina e Fito Páes e outros detalhes interessantes de uma carreira intensa.

MONDO POP- Na Mão as Flores, seu novo álbum, está creditado a Suricato, embora desta vez tenha sido gravado de forma totalmente individual. Por que você não assinou como Rodrigo Suricato, ressaltando esse lado solo?
RODRIGO SURICATO
– Suricato é o nome de um projeto com fases distintas, sendo que 12 músicos já participaram dele, até o momento. E agora eu vi que precisava me resguardar, quis experimentar fazer sozinho, misturar o folk com música eletrônica. É o melhor disco que já fiz, é um disco para todos, para cantar no Maracanã, busco atingir o outro, agradar as pessoas.

MONDO POP- A faixa título, Na Mão As Flores, fala sobre as contradições do ser humano, com versos como ” O pior de mim está na mesma mão que trago flores pra você”. Fale um pouco sobre essa canção.
RODRIGO SURICATO
– Essa é uma das frases mais sinceras, é reconhecer você como um todo, amar a si mesmo e não negar o seu pior lado. Deus e o diabo tomam chopp no mesmo bar. Todos erram. Fiz um disco para me curar, sobre mim, mas para todas as pessoas, que podem se identificar com as músicas.

MONDO POP- Você investe na carreira-solo ao mesmo tempo em que gravou recentemente com Zélia Duncan e Ana Carolina e está gravando um álbum como vocalista e guitarrista do Barão Vermelho. Como é conciliar todos esses trabalhos, e o que te leva a fazer isso?
RODRIGO SURICATO
– Sou muito apaixonado por música, no lado mais amplo disso. Sou um músico e me tornei compositor. Trabalhei com muitos artistas, aprendi muito com eles. Meu trabalho não começa e não termina no palco, sou muito abrangente, e sinto prazer igual em tudo o que faço.

MONDO POP- O seu álbum tem uma releitura de Como Nossos Pais, do Belchior. Como surgiu a ideia de dar uma nova roupagem a uma música que já teve inúmeras gravações nesses anos todos?
RODRIGO SURICATO
– Essa música já fazia parte do repertório dos meus shows. O Belchior era fã de blues, eu também sou. Tive a coragem de cometer essa versão, de colocar a minha assinatura nela. Gosto também de ser intérprete, mas não fazendo apenas um cover. Gosto de interpretar de uma forma pessoal e própria, da mesma forma que Cássia Eller e Maria Bethânia, por exemplo, “suricateando”, como gosto de dizer.

MONDO POP- Como está sendo ser integrante do Barão Vermelho, e o que você pode nos adiantar sobre esse novo álbum da banda?
RODRIGO SURICATO
– Quando entrei no Barão, nunca pensei em tentar imitar o Cazuza ou o Frejat. Sou o Rodrigo Suricato no Barão, pensando no futuro. Lançaremos um disco de inéditas em agosto, com nove canções, sendo cinco minhas. Quanto entrei no grupo, já tinha ganho um Grammy Latino, havia participado do Lollapalooza. Não deixou de ser um desafio, mas sei que o jogo se ganha no campo, e é o que estou fazendo.

MONDO POP- Na Mão As Flores está saindo inicialmente só no formato digital. Como você encara os formatos físicos musicais?
RODRIGO SURICATO
– Acho natural o fim dos formatos físicos, com a facilidade que o digital chega às pessoas, às lojas virtuais, às plataformas. Por teimosia eu vou fazer um formato físico, o CD, pois acho importante para ter nos shows. Possivelmente, faremos também vinil. O digital é como se fosse um shot de tequila, você toma de uma vez. Ouvir vinil é mais comparável a degustar um vinho. Adoraria que o meu álbum desse a chance de cada um ouvi-lo no formato que achar o mais conveniente para ele.

MONDO POP- Fale um pouco como foi o processo de gravação do álbum, e de como a faixa Tatua acabou tendo duas versões diferentes.
RODRIGO SURICATO
– Cada música teve até seis ou sete versões diferentes, experimentei bastante. Tatua surgiu da minha busca por uma frase para tatuar, e virou canção. Música é um pouco ocasião, e essa música serve como exemplo de como se valer de duas leituras diferentes para uma mesma composição.

MONDO POP- Você disse que fará a turnê de divulgação de Na Mão As Flores totalmente sozinho no palco. Como será? Terá um pouco a ver com o estilo do Ed Sheeran?
RODRIGO SURICATO
– Estou desenvolvendo essa sonoridade há quatro anos, totalmente autossuficiente. Sou um multi-instrumentista ao meu dispor. Tudo o que o meu show não será é “violão e voz”, terá um formato inovador que, garanto, ninguém faz no Brasil. Vou viajar com quatro pessoas encarregadas da parte técnica para entregar um espetáculo totalmente profissional.

MONDO POP- A turnê já tem datas marcadas? Como será o repertório?
RODRIGO SURICATO
– Vou incluir as minhas principais canções e também vou suricatear algumas canções de outros artistas. O show estreia em 20 de agosto no Theatro Net Rio, chega a Sâo Paulo no dia 29 de agosto, no Theatro Net São Paulo, e depois vai para a Autêntica, em Belo Horizonte. Outras datas serão divulgadas futuramente, e a turnê será paralela à do Barão Vermelho.

MONDO POP- Você tem uma fama das mais significativas como guitarrista, sempre convidado para acompanhar outros artistas. Em algum momento você pensou em se dedicar “apenas” a isso?
RODRIGO SURICATO
– Ainda estou entendendo a minha história. Cada passo na minha carreira foi como se fosse um mirante, com uma visão maravilhosa em cada estágio. Já estava muito feliz como guitarrista, mas quando você é picado pelo mosquito da composição, deixa o guitarrista em segundo plano. Ficar à frente do palco nunca esteve em meus objetivos, não queria ser o Mick Jagger, até por ser tímido, mas agora é irreversível dar vasão a esse meu lado. Quero ter a liberdade de aproveitar o melhor dos dois mundos, o solo e o coletivo.

Na Mão As Flores (clipe)- Suricato: