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Jeff Lynne emociona os fãs com performance impecável da ELO

jeff lynne wembley or bust-400x

Por Fabian Chacur

Em 1970, o então desconhecido cantor, compositor e guitarrista Jeff Lynne foi convidado por Roy Wood para integrar o grupo The Move, que fazia sucesso no Reino Unido. Lynne topou, mas na verdade ele tinha mais interesse no projeto paralelo que Wood pretendia criar, uma banda que usasse instrumentos de orquestra em um contexto roqueiro, levando adiante a proposta dos Beatles na música I Am The Walrus.

Foi dessa maneira que surgiu a Electric Light Orchestra. Curiosamente, Roy Wood saiu do time em 1972, poucos meses depois do lançamento de seu álbum de estreia. A partir daí, Lynne virou o dono do projeto, e o resto é história, com direito a grandes hits, milhões de discos vendidos e shows sempre lotados.

Como forma de reverenciar esse repertório e presentear seus inúmeros fãs, o astro britânico resolveu resgatar esse bem-sucedido projeto musical, agora com o nome Jeff Lynne’s ELO, para diferenciá-lo de outros shows-tributo montados por ex-integrantes do grupo em sua fase inicial, de 1970 a 1986.

A apresentação que marcou o ápice desse retorno ocorreu no dia 24 de junho de 2017 na Wembley Arena. O registro de áudio e vídeo está na programação do canal a cabo BIS, e foi lançado no formato físico CD duplo+DVD (ou blu-ray). Ainda bem que isso ocorreu, pois temos aqui um show histórico de fato.

A gravação ocorreu com toda a pompa necessária, incluindo telões gigantes, iluminação impecável, um palco enorme e a inevitável nave espacial imensa que se tornou a marca registrada da Electric Light Orchestra em suas turnês. Um ambiente que consegue ser ao mesmo tempo retrô e futurista, outra característica básica desse projeto musical.

Como se fosse um concerto de música erudita, o show mostra uma banda com quase 15 músicos em cena reproduzindo de forma detalhada as gravações originais de cada canção, incluindo timbres dos instrumentos e vocalizações. O fato de a voz de Lynne alcançar os timbres dos anos áureos da ELO ajudou bastante na concretização desse objetivo.

O repertório do espetáculo reúne praticamente todos os seus hits, com muita energia acrescida à reprodução fiel de cada nota produzida originalmente. Ou seja, não temos aqui a execução fria e burocrática de cada canção, mas sim o oferecimento de cada uma delas como se tivessem sido lançadas ontem.

A mistura de rock, pop, folk, música eletrônica, rhythm and blues e música erudita se mostra mais azeitada do que nunca, com direito a maravilhas do porte de Evil Woman, Livin’ Thing, Last Train To London, Turn to Stone, Strange Magic e All Over The World, só para citar algumas delas.

Uma sacada incrível do registro em vídeo fica por conta de inúmeras tomadas flagrando o público presente em Wembley. Nelas, podemos observar uma platéia predominantemente de pessoas com mais de 40 anos de idade cantando, dançando e vibrando como se fossem adolescentes.

Eis uma prova cabal do poder incrível que a música tem de nos resgatar energias que pensávamos terem sido soterradas pelas dificuldades propostas a nós pela vida diuturnamente. E tudo isso proporcionado a essas pessoas por um Jeff Lynne que completaria 70 anos de idade no final daquele 2017!

As surpresas ficam por conta das inclusões de Handle With Care, maior hit do super grupo Travelling Wylburys que Lynne integrou ao lado de Roy Orbison, George Harrison, Tom Petty e Bob Dylan, e Xanadu, música da trilha do filme homônimo que a banda gravou com Olivia Newton-John no vocal principal.

O único problema para quem for ver no Canal BIS é o fato de eles terem apresentado na programação a cabo uma versão resumida para apenas 12 músicas, onze a menos do que as 23 incluídas no show completo. Não sei qual a versão está disponível no canal de streaming do BIS, mas que o melhor é curtir esse espetáculo em sua íntegra, é algo indiscutível.

ELO- Live At Wembley (cujo título na versão física é Wembley Or Bust) é a prova cabal de que o trabalho de Jeff Lynne merece ser muito mais respeitado pela crítica especializada do que na verdade é, pois se ele não inventou a roda ou revolucionou o mundo da música, certamente nos proporcionou um songbook delicioso que continua gerando prazer em quem o investiga.

Evil Woman (live)- Jeff Lynne’s ELO:

1 Comment

  1. Grande Jeff Lynne!!

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