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Por Fabian Chacur

50 anos após a sua morte, ocorrida em 18 de setembro de 1970, a obra de Jimi Hendrix continua sendo celebrada e se mantém relevante. Boa parte de nós não estará por aqui para confirmar esta minha previsão (eu, certamente, não), mas posso garantir que em 2070 o trabalho de um certo Edward Van Halen merecerá o mesmo tratamento, e se manterá tão influente e necessária como agora. Portanto, nada mais triste do que dar adeus a esse grande músico e compositor, que nos deixou nesta terça-feira (6), vítima de um câncer contra o qual lutou durante muito tempo.

A despedida do guitarrista e líder do Van Halen, um dos mais importantes e bem-sucedidos grupos de rock de todos os tempos, foi confirmada em uma rede social de alcance mundial por seu filho, Wolfgang, que há algum tempo ocupava a vaga de baixista ao lado do pai.

Nascido em 26 de janeiro de 1955 na Holanda, ele e o irmão mais velho, Alex, vieram com os pais para os EUA quando ainda eram crianças, para a cidade de Pasadena, California. E foi por lá que eles criaram sua própria banda de rock, nomeada com o seu sobrenome, e cuja primeira formação clássica incluía Eddie na guitarra, o sólido Alex na bateria, o eficiente Michael Anthony no baixo e o carismático vocalista David Lee Roth no vocal.

Logo em seu disco de estreia, autointitulado, lançado em 1978, o quarteto mostrou que não estava para brincadeiras. A faixa de abertura, Running With The Devil, um rockão ardido e poderoso, já mostrava a força de seu som, com direito a um refrão matador, vocais vibrantes e a intervenções de guitarra de Eddie absurdamente personalizadas e com uma técnica absurda. A instrumental Eruption rapidamente se tornou clássica para os aprendizes de guitarra rock.

Embora com muito peso e rebeldia, o Van Halen trazia também em seu DNA um apelo pop, traduzido em refrãos fortes, boas melodias e releituras bem selecionadas de clássicos de outras eras do rock. O resultado: cada novo disco vendia mais do que os anteriores, e cada nova turnê levava mais público. O Van Halen conseguia atrair as atenções não só dos headbangers, mas também dos roqueiros mais tradicionalistas e de fãs de pop.

De quebra, a presença de palco do quarteto os ajudou a cativar o público, especialmente a irreverência do vocalista David Lee Roth e o eterno sorriso de Eddie, que tocava os solos mais difíceis e intrincados como se estivesse tocando as passagens mais banais de guitarra.

A aproximação do grupo com o público pop se intensificou por tabela quando Eddie participou do álbum Thriller (1982), fazendo o espetacular solo de guitarra do rockão Beat It. No início de 1983, a banda tocou no Brasil, durante a turnê de seu quinto álbum, Diver Down. Os sortudos que puderam conferir esse show, entre os quais infelizmente não me incluo, não se esquecerão jamais.

O álbum 1984, que saiu em janeiro de 1984, marcou o primeiro auge do grupo, com o estouro dos singles Jump (atingiu o topo da parada americana nesse formato) e Panama e atingindo o segundo posto da parada pop ianque. Aí, pouco depois, David Lee Roth resolveu sair fora.

Sem baixar a cabeça, a banda apostou no já veterano Sammy Hagar para assumir a vaga de Roth, e logo na estreia da nova formação em disco, 5150 (1986), chegou ao topo da parada americana de álbuns, a primeira das cinco vezes em que conseguiu atingir essa cobiçada posição.

Sempre sob o comando de Eddie, o grupo soube como poucos mesclar o poder do rock pesado com o apelo pop de boas melodias e canções mais comerciais. Há quem prefira a banda com Hagar nos vocais. Outros curtem mais David Lee Roth. No entanto, ninguém discute o fato de o guitarrista-solo ser o cara que ajudou a banda a ganhar uma cara própria e a desafiar os limites da criatividade.

Durante seus 65 anos de vida, Eddie teve de lutar contra o alcoolismo e o excessivo consumo de drogas, mas ainda assim conseguiu viver mais do que o dobro do que Hendrix, um de seus ídolos e evidente influência no seu som. Eles nos deixa uma discografia repleta de grandes momentos, e hits como Jump, Panama, You Really Got Me, Dance The Night Away, Why Can’t This Be Love, When It’s Love e Finish What Ya Started, só para citar alguns.

Running With The Devil– Van Halen: