Por Fabian Chacur

Nesta quinta-feira (13), Gonzagão, o rei do baião, um dos grandes gênios da história da música popular mundial, completaria 100 anos. Morto em 2 de agosto de 1989, aos 76 anos, ele nos deixou um legado extremamente precioso, e continua sendo influência forte no meio musical.

O músico, compositor e cantor pernambucano é o grande responsável por incorporar de uma vez por todas a sanfona no seio da nossa música, e também de popularizar em termos nacionais os ritmos nordestinos, especialmente o baião, do qual é o eterno patrono. Aliás, de tudo que venha desse veio criativo de nossa música, como forró, xaxado e o que seja.

Curiosamente, ele precisou se mudar para o Rio de Janeiro, em 1939, para, distante do rincão natal, ter percebido que só mergulhando de cabeça nas sonoridades de sua região é que ele poderia se tornar especial. Seu coquetel musical composto por muito ritmo e melodias belíssimas ganharia o mundo a partir dos anos 40.

Em parceria com o brilhante advogado e poeta Humberto Teixeira, compôs Asa Branca (1947), uma canção simplesmente emblemática. Na interpretação de Gonzagão, ela consegue conciliar um ritmo ágil e dançante a uma letra cortante que retrata a dura despedida do nordestino de sua terra seca e agreste, sonhando com o retorno.

A melodia de Asa Branca consegue conciliar uma beleza arrebatadora a uma aparente simplicidade total, que permitiu a ela atravessar o planeta e cativar fãs por todos os cantos. Um verdadeiro hino do Brasil profundo, ainda atual.

Com letristas inspirados como Humberto Teixeira, Zé Dantas e Hervé Cordovil, Gonzagão escreveu músicas fantásticas como Baião, Respeita Januário, Xote das Meninas e A Vida do Viajante, entre inúmeras outras, vivendo seu auge criativo nas décadas de 40 e 50.

Depois de passar a década de 60 e boa parte da de 70 mais longe das paradas de sucesso, o eterno Rei do Baião voltou à cena com força total ao regravar com o filho Gonzaguinha A Vida do Viajante, o que lhe abriu as portas para as novas gerações. Os shows que fez com o filho e os discos que gravou com Fagner e outros fãs ilustres ajudaram a consolidar esse retorno.

Sua relação com o filho Gonzaguinha teve capítulos de muita tensão, mas Gonzagão foi o primeiro a gravar composições do filho, ainda nos anos 60, e a reconciliação entre eles no fim dos anos 70 gerou grandes trabalhos conjuntos.

De temperamento conciliador e uma simpatia impressionante, Luiz Gonzaga pode ser considerado um dos primeiros astros pop brasileiros, com direito muito carisma, talento a visual próprio, valendo-se de elementos próprios do nordestino. Sua música cativou, cativa e cativará fãs para sempre, pois veio para ficar.

Curiosidade: conheci a música de Gonzagão no meu 10 aniversário, em 25 de setembro de 1971, quando ganhei de um padrinho o compacto com a deliciosa música Ovo de Codorna, cuja letra é o depoimento de um cara maduro que busca solução para ampliar seus anos de virilidade. Um barato!

A Vida do Viajante, com Gonzagão e Gonzaguinha:

Ovo de Codorna, com Gonzagão: