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Morre Scotty Moore, o eterno guitarrista de Elvis Presley

scotty moore e elvis presley-400x

Por Fabian Chacur

Um dos segredos do sucesso de Elvis Presley foi ter a seu lado durante a sua primeira década como cantor profissional um certo guitarrista chamado Scotty Moore. Com seus licks inconfundíveis de guitarra, extraídos de uma Gibson Super 400, esse músico americano ajudou a criar os parâmetros do que hoje chamamos rockabilly. Pois nesta terça-feira (28) esta verdadeira lenda da música nos deixou, aos 84 anos de idade. Que perda!

Segundo matéria publicada pelo site americano da revista Billboard, a morte de Moore foi divulgada por seu biógrafo e amigo, James L. Dickerson, que por sua vez confirmou a informação através de um membro da família do músico. Ele atualmente morava em Nashville, a capital mundial da música country. Nos últimos tempos, atuava como manager de estúdio, engenheiro de som e homem de negócios, sempre tido como um cara simples, correto e sociável.

Nascido em Gadsten, Tennessee, em 27 de dezembro de 1931, Scotty Moore ouviu desde garoto muito country e jazz, e foi influenciado por músicos como Les Paul e Chet Atkins. Integrava a banda The Starlite Wranglers quando foi convidado pelo produtor Sam Phillips, dono do selo independente Sun Records, para tocar com um cantor novato com o qual a gravadora pretendia trabalhar. Bill Black, o baixista daquele grupo, também entrou na parada.

Juntos, Moore na guitarra, Black no baixo e o tal novato, ninguém menos do que Elvis Presley, no vocal e violão, fizeram várias jam sessions, e nada saía muito animador. Até que, em um intervalo, o futuro Rei do Rock improvisou em cima de um blues, That’s Alright, e aí o trio parece que pegou no breu. Nascia, em julho de 1954, o embrião do que seria uma das parcerias mais influentes da história do rock.

Juntos, Elvis, Scotty e Black passaram a fazer muitos shows, e adquiriram um entrosamento que se refletiu nas gravações. Maravilhas como That’s Alright, Blue Moon Of Kentucky, Mystery Train e Baby Let’s Play House invadiram as paradas de sucesso e atraíram a atenção da gravadora RCA, que fez uma proposta milionária e tirou Presley da Sun Records. Inteligentemente, Elvis levou Moore e Black junto com ele.

O estouro, até então regional, virou regional e mundial logo a partir do primeiro single na nova companhia, o incrível Heartbreak Hotel, em 1956. Nessa época, já havia sido acrescentado ao grupo o baterista DJ Fontana, que ajudou a encorpar ainda mais aquela sonoridade repleta de rock, blues e country, cuja mistura passou a ser chamada rockabilly.

A parceria com Elvis Presley se encerrou em 1964, quando Scotty Moore lançou seu primeiro álbum solo, The Guitar That Changed The World, fato que irritou o empresário do cantor, o peculiar Coronel Tom Parker. Ele ainda voltaria a tocar com o famoso patrão em 1968, no famoso especial de TV The Comeback Special que marcou o retorno do astro ao mundo dos shows após anos dedicados aos filmes. A partir daí, a vida de Moore ficou mais reservada, mas sempre com muito trabalho.

Entre os momentos marcantes desses anos pós-Elvis da carreira de Scotty estão a gravação de That’s All Right que ele fez com Paul McCartney, com participação do antigo colega DJ Fontana na bateria. Ele também integrou o elenco do CD All The King’s Men (1997), ao lado de Keith Richards e Levon Helm. Entre seus fãs ilustres, podem ser citados o próprio Richards, Eric Clapton, Jimmy Page, Paul McCartney, Mark Knopfler, Brian Setzer e inúmeros outros.

That’s All Right– Scotty Moore, Eric Clapton, Mark Knopler etc:

Dj Fontana, The Jordanaires e Scotty Moore ao vivo na TV:

Heartbreak Hotel(ao vivo)- Elvis Presley e Scotty Moore:

Cauby Peixoto, o professor, o irmão gêmeo do meu irmão

cauby peixoto-400x

Por Fabian Chacur

Cauby Peixoto nos deixou às 23h50 da noite deste domingo (15) aos 85 anos. Ele estava internado desde o dia 9 de maio, e foi vítima de pneumonia. Na verdade, tinha problemas sérios de saúde há alguns anos, mas com sua incrível garra e vontade de viver, continuou ativo, fazendo shows e gravando discos. Mais um verdadeiro mito que nos deixa, felizmente reconhecido e saudado enquanto ainda estava entre nós. Vai fazer muita, mas muita falta mesmo. Um estilista da canção.

Difícil fugir do que todo mundo já escreveu sobre esse artista nascido em Niterói (RJ) no dia 10 de fevereiro de 1931. Lançou seu primeiro disco em 1951, e foi um dos últimos grandes ídolos surgidos na chamada Era do Rádio. Com o estouro de Conceição, tornou-se mania nacional, com direito a roupas rasgadas pelas fãs e uma idolatria digna de Frank Sinatra, Roberto Carlos, Beatles e outros artistas desse mesmo porte.

Ainda nos anos 1950, lançou trabalho em inglês com o pseudônimo Ron Coby, e uma carreira internacional se mostrou viável. Mas ele acabou sendo o nosso Cauby, mesmo, para felicidade geral da nação. Versátil, enveredou por diversos estilos, até pelo rock and roll, sempre com uma categoria e um vozeirão que nunca o deixou na mão, nesses mais de 60 anos de trajetória repleta de realizações e glória.

Em 1980, voltou com força aos holofotes ao lançar o excelente álbum Cauby! Cauby!, lançado pela gravadora global Som Livre, com direito a canções feitas especialmente para ele por autores como Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim e Roberto & Erasmo Carlos, entre elas a célebre Bastidores, que o recolocou com todo o merecimento nas paradas de sucesso. De onde nunca deveria ter saído.

Em sua extensa discografia, trabalhos com a amiga e contemporânea Angela Maria, com quem por sinal estava realizando a turnê 120 Anos de Música e faria neste sábado (21) no Sesc Santo Amaro uma apresentação em São Paulo durante a Virada Cultural. Poucos poderiam se atrever a gravar um disco com músicas do repertório de Sinatra sem correr o risco de cair no ridículo, e ele superou bem tal desafio.

Mas existem outras lembranças em relação a Cauby Peixoto, essas bem particulares. Quando moleque, sempre via algumas amigas da minha mãe dizendo que meu irmão Victor era a cara do Cauby. Olhando foto dos dois nos anos 1960, dava para confundir um com o outro, mesmo. Ironicamente, essa comparação sobrou para mim nos anos 1990, quando usei um estilo de cabelo cacheado e longo muito semelhante ao dele naquele período e até o fim da vida.

Quando tive a honra de entrevista-lo para o extinto Diário Popular, lá pelos idos de 1993 ou coisa que o valha, o fotógrafo Paulo Pinto tirou uma foto na qual aparecíamos eu e o Professor, durante a entrevista. Pena que eu não tenha scanner para dividir essa bela recordação com vocês. O cara era um gentleman e muito acessível, oriundo de uma época em que os artistas se preocupavam em tratar bem a todos.

Cauby! Cauby!- Cauby Peixoto (1980-CD em streaming):

Conceição– Cauby Peixoto (1956- versão original):

I Go (Maracangalha)– Ron Coby (Cauby Peixoto):

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