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Billy Paul, verdadeiro estilista da soul music, hoje é saudade

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Por Fabian Chacur

O Dia dos Namorados, comemorado no Brasil no dia 12 de junho, este ano será bem triste. Certamente não teremos um show de Billy Paul para celebrá-lo, como ocorreu algumas vezes nos últimos anos. A razão é definitiva: ele nos deixou neste domingo (24), aos 81 anos de idade, vítima de um câncer. Uma grande perda. Ele era um estilista da soul music.

Billy Paul nasceu no dia 1º de dezembro de 1934 na cidade da Philadelphia, nos EUA. Começou a carreira ainda muito jovem, lançando seu primeiro single em 1952, com as músicas Why Am I e That’s Why I Dream. Seu primeiro álbum só sairia em 1968, Feelin’ Good At The Cadilac Club, que iniciou sua parceria com os produtores e compositores Kenny Gamble e Leon Huff. Seria o início de uma parceria que se mostraria das mais produtivas.

Quando Gamble e Huff resolveram montar um selo mais forte, a Philadelphia International Records (PIR), com o apoio da Epic/CBS, não demoraram a chamar Billy Paul para assinar com eles. O primeiro lançamento do contrato, Going East (1971), não teve muita repercussão. O segundo, no entanto, foi bola no ângulo. Golaço musical.

360 Degrees Of Billy Paul (1972) inclui Me and Mrs. Jones, que no formato single chegou ao primeiro lugar da parada pop americana e por lá ficou por três semanas. Musicalmente doce e com um tempero jazzístico, a canção fala sobre um momento de infidelidade, e chega a ser surpresa ter feito tanto sucesso em um país tão conservador como os EUA. A faixa virou o cartão de visitas da carreira de Billy Paul.

Mas o álbum traz também outras canções bem bacanas, como suas belas releituras de Your Song (Elton John) e It’s Too Late (de Carole King). A sacudida Am I Black Enough For You? foi escolhida para suceder Me and Mrs. Jones, e atingiu apenas a posição de nº 79 nos charts. Desta vez, a temática racial não foi bem aceita pelo público médio, uma pena, levando-se em conta a qualidade da mesma. O álbum chegou ao nº 17 na parada pop. Nunca mais ele teria tanto sucesso comercial nos EUA.

Embora sua qualidade musical permanecesse alta, seus álbuns não venderiam mais tão bem. Com faixas longas e forte tempero psicodélico, o excelente álbum War Of The Gods(1973) só chegou ao número 110 nos EUA, com o single Thanks For Saving My Life, única com um formato mais pop e compacto, atingindo apenas o número 37. Daí para a frente, seus trabalhos venderiam cada vez menos em sua terra natal.

Em países como o Brasil, no entanto, Billy Paul continuou um hitmaker potente, emplacando nos charts as músicas já citadas nesta matéria e outras que passaram batidas na terra de Richard Nixon, entre as quais as excelentes July July July July, Let Em In (de Paul McCartney), Only The Strong Survive e Bring The Family Back. Sua primeira passagem por aqui seria em 1976, apenas o começo de uma cumplicidade incrível.

First Class, de 1979, que inclui Bring The Family Back, marcou o fim de sua parceria com a PIR, dos amigos Gamble & Huff. Curiosamente, eles se reencontrariam nos tribunais, quando Paul reclamou de direitos não pagos por eles, e acabou vencendo a questão, assim como também venceu a luta contra a utilização de Me And Mrs. Jones pela Nike em um comercial já nos anos 2000. Coisas do mundo capitalista selvagem…

Nos anos 1980, ainda arriscou dois discos de inéditas, Lately (1985) e Wide Open (1988), mas as tentativas de modernização não deram muito certo. Ele chegou a dizer, durante um show na Inglaterra, em 1989, que iria se aposentar. Houve quem acreditasse, até pelo fato de ele ter 55 anos na época, mas no fim das contas, foi um alarme falso. Suas turnês se tornaram frequentes, pelos EUA, Europa, Ásia e América Latina.

No Brasil, Billy Paul virou presença constante, com direito até a abrir um show do Olodum, em 1994, presenciado por este que vos tecla. Antes, em 1988, ele havia gravado um dueto com Sandra de Sá, Amanhã, que tocou bastante nas rádios. Muitos até brincavam com esses seus retornos frequentes (leia análise sobre isso aqui).

Além dos shows, Billy Paul nos proporcionou os discos gravados ao vivo Live World Tour 1999-2000, com gravações feitas em São Paulo, Paris, Bermudas e Philadelphia, e Your Song: Live In Paris, gravada na Cidade do Amor. Em 2009, foi lançado o excelente documentário Am I Black Enough For You?, do diretor sueco Goran Hugo Olsson, que tem até cenas gravadas no Brasil (leia a resenha aqui).

War Of The Gods– Billy Paul:

Thanks For Saving My Life– Billy Paul:

Your Song– Billy Paul:

Am I Black Enough For You?– Billy Paul:

Only The Strong Survive– Billy Paul:

Morre aos 81 anos o manager australiano Robert Stigwood

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Por Fabian Chacur

Morreu no dia 4 de janeiro de 2016 aos 81 anos o produtor australiano Robert Stigwood. Ele tinha 81 anos. Nome lendário no meio do show business, ele sempre será associado aos Bee Gees, grupo que ajudou a encaminhar rumo ao estrelato, mas seu currículo é repleto de momentos importantes e associações bacanas, além de um pioneirismo marcante em termos profissionais em termos empresarias no Reino Unido. Um cara que deixou sua marca na música.

Nascido na Austrália em 16 de abril de 1934, Stigwood se mudou para a Inglaterra em 1955. Na época, era tradição uma espécie de limitação da área de cada profissional no meio da música na Inglaterra. Ele foi um dos primeiros que ampliou os horizontes para seu tipo de atividade, englobando empresariamento, edição de músicas, gravação de discos, promoção de shows e espetáculos, agenciamento de shows, assessoria artística e de marketing etc. Ou seja, ele cobria todos os setores importantes para um artista fazer sucesso.

Ele passou a primeira metade dos anos 1960 se firmando em termos profissionais, e deu o pulo do gato em janeiro de 1967 ao se associar ao empresário dos Beatles, Brian Epstein, na empresa Nems. Quando Epstein morreu, em agosto daquele ano, Stigwood já tinha conhecimento suficiente para criar sua própria empresa multiuso, a The Robert Stigwood Organization, que entre outros desdobramentos geraria uma gravadora/selo, a RSO Records.

Os primeiros grandes nomes a serem empresariados em termos amplos por ele foram o grupo Cream, e depois de sua separação o guitarrista e cantor Eric Clapton, e os Bee Gees. Pouco depois, envolveu-se com a encenação de musicais, e em seguida a versões cinematográficas de tais musicais, entre os quais Jesus Cristo Superstar (1973) e Tommy (1975).

Se a coisa já estava muito boa para ele e seus contratados, ficou ainda melhor quando ele produziu os filmes e as trilhas sonoras Saturday Night Fever (Os Embalos de Sábado a Noite-1977) e Grease (Nos Tempos da Brilhantina- 1978), que levaram milhões de pessoas aos cinemas e venderam milhões de discos. A primeira ficou 24 semanas no primeiro lugar nos EUA, enquanto a segunda permaneceu durante 12.

Nesse período entre 1978 e 1979, era a coisa mais comum do mundo um disco com o selo RSO suceder outro na liderança das paradas dos mais vendidos em todo o mundo. Se não repetiu todo esse sucesso nos anos subsequentes, Stigwood se manteve muito ativo, e emplacou até mesmo uma versão cinematográfica de Evita (1997) com Madonna, que lhe valeu um Oscar como produtor.

Os Embalos de Sábado a Noite- Trilha Sonora completa em streaming:

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