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Por Fabian Chacur

Neste domingo (28), um certo Raul Santos Seixas completaria 70 anos de idade. Infelizmente, ele nos deixou com apenas 44, em um triste 21 de agosto de 1989. Na teoria, porém, porque na prática esse genial cantor, compositor e músico baiano viveu artisticamente os 10 mil anos que apregoava em um de seus maiores sucessos. Criou um legado eterno, e sua música sempre viverá em nossas mentes.

Enumerar os méritos de Raul Seixas enquanto criador é tarefa difícil, pois você sempre corre o risco de esquecer alguma coisa. De cara, foi um dos primeiros caras a provar que, sim, rock and roll podia ser feito com grande qualidade se valendo do português como idioma. Sozinho ou com parceiros como Paulo Coelho e tantos outros, foi mestre em mensagens fortes e profundas.

Também é um dos pioneiros de gravações de qualidade em termos técnicos do rock brasileiro. Ouça as cinco músicas postadas aqui e perceba como todas elas não soam datadas ou fraquinhas. Elas tem peso, abrangência, destaque suficiente nos vocais e padrão internacional. Nelas fica claro o talento de Raul como produtor, ofício que exerceu nos estúdios da gravadora CBS trabalhando com Jerry Adriani e outros artistas de sucesso.

Como cantor, ele sempre soube utilizar seu timbre inconfundível de forma impecável, imprimindo energia e doçura nas doses necessárias solicitadas por cada canção. Nunca entrou em exibicionismos tolos, e por isso elevou as faixas de seus álbuns a alturas pouco igualadas pela concorrência. Até os discos menos felizes dele são dignos de serem estudados e curtidos.

Como poucos, o astro baiano soube misturar o rock and roll com as sonoridades brasileiras do baião, forró, samba e também do bolero, latinidades mil e o que mais pintasse. Nunca teve medo de ousar, mas também tinha o bom gosto de buscar sonoridades que pudessem ser apreciadas pelo ouvinte médio, sem cair em experimentalismos tolos.

Dessa forma, realizou a façanha de atingir todo tipo de público, desde os mais intelectualizados até aquele povão mais inculto e fã de música brega. Sabia falar com todos os tipos de ouvintes, sem perder a personalidade jamais. Sua obra é exponencial em todos os quesitos, e precisa ser sempre reverenciada.

Lamente-se apenas que seu lado amador, o de ser humano que não soube se cuidar e mergulhou em drogas lícitas e ilícitas, o levou tão cedo. E também é triste pensar que há muitos fãs que louvam exatamente essa faceta de sua personalidade, o do “doidão inconsequente”, o que explica porque há quem tenha preconceitos em relação a Raul Seixas, pois associa o artista a esses fãs malas e sem noção. Nada a ver.

Nos 10 mil anos que viveu em termos artísticos, Raul Seixas provou que é possível fazer um rock brasileiro, consistente, vibrante e inteligente, que informa, entretém e emociona o tempo todo, dia após dia, ano após ano, década após década. Muita saudade de você, Raulzito. Sua música continua nos emocionando, e permanecerá sempre aqui, firme e forte.

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Mosca na Sopa– Raul Seixas:

Só Pra Variar– Raul Seixas: