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Morre aos 69 anos Greg Lake, um dos grandes do prog rock

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Por Fabian Chacur

O ano de 2016 não está sendo exatamente gentil com os fãs de boa música. Os de rock progressivo, então, devem estar muito, mas muito tristes mesmo. Em março, perderam o tecladista e compositor Keith Emerson. Nesta quarta-feira (7), foi a vez do cantor, compositor e músico Greg Lake, aos 69 anos, vítima de um câncer contra o qual lutou durante alguns anos. Do lendário Emerson, Lake & Palmer, só nos restou (toc, toc, toc!) o baterista Carl Palmer.

Nascido em Bournemouth, Inglaterra, no dia 10 de novembro de 1947, Greg Lake tornou-se inicialmente conhecido no mundo do rock como cantor e baixista da banda King Crimson, liderada pelo guitarrista Robert Fripp. Durante a turnê de lançamento do álbum de estreia do time, In The Court Of The Crimson King (1969), do qual fazem parte clássicos como 21st Century Schizoid Man e I Talk To The Wind, teve shows de abertura feitos pelo The Nice, do tecladista Keith Emerson.

A amizade entre Lake e Emerson se consolidou rapidamente, e após gravar os vocais para o segundo LP do Crimson, In The Wake Of Poseidon, resolveu sair fora para montar sua própria banda, a Emerson, Lake & Palmer, que trazia os dois amigos e também o baterista Carl Palmer, conhecido por seus trabalhos com The Crazy World Of Arthur Brown e Atomic Rooster. O primeiro álbum do trio, autointitulado, saiu naquele mesmo ano. Surgia um grupo lendário.

Até 1979, o ELP ajudou a colocar o rock progressivo no topo das paradas de sucesso, com sua sonoridade fortemente influenciada pela música erudita, jazz e eletrônica. Álbuns como Pictures At An Exhibition (1971), Trilogy (1972) e Works Vols. 1 e 2 (1977) estouraram e tiveram como marca a bela voz e a delicadeza de guitarra, violão e baixo de Lake, aliados aos teclados endiabrados de Emerson e a bateria intensa e técnica de Palmer. From The Beginning e C’Est La Vie foram hits massivos.

O grupo saiu de cena após lançar Love Beach (1978). Lake lançou dois discos solo, Greg Lake(1981), com direito a uma parceria com Bob Dylan (Love You Too Much) e Manoeuvres (1983). Ambos tiveram Gary Moore na guitarra. Em 1985/85, integrou ao lado de Keith Emerson e Cozy Powell o Emerson, Lake & Powell, que lançou um álbum autointitulado e teve o hit Touch And Go nas paradas de sucesso roqueiras. Ele também passou rapidinho pelo supergrupo Asia em 1983.

De 1991 a 1998, com algumas idas e vindas, voltou a integrar o ELP, que lançou dois álbuns de estúdio e um ao vivo nesse período, durante o qual fizeram duas visitas ao Brasil, em 1993 e 1997. Estive em um dos três shows que fizeram em São Paulo no extinto Palace, e adorei o que vi. Pena que só tenham tocado a minha favorita deles, From The Beginning, na última apresentação, o que não me deixou exatamente feliz…

Em 2010, como forma de comemorar 40 anos de banda, o ELP voltou para um show em Londres, que rendeu um CD duplo gravado ao vivo e lançado naquele mesmo ano com o título High Voltage. Seria o último registro desse trio histórico. Lake lançou em 2015 o CD Ride The Tiger em parceria com o tecladista Geoff Downes, conhecido por ter integrado bandas como Yes, Asia e Buggles.

Emerson Lake & Palmer no Brasil-1993- SP:

David Bowie e as lembranças de um grande ídolo do rock

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Por Fabian Chacur

David Bowie nos deixou neste domingo (10), apenas dois dias após completar 69 anos de idade. Conforme comunicado oficial de seu manager, o cantor, compositor e músico britânico lutava há 18 meses contra um câncer, o que não o impediu de gravar Black Star, novo álbum que lançou no dia de seu aniversário e que chegará às lojas brasileiras em breve. Uma perda para o mundo das artes do tamanho…do mundo!

O som de David Bowie entrou na minha vida no já longínquo ano de 1975, quando meu saudoso irmão Victor comprou um compacto simples que incluía Young Americans e Sufragette City. A primeira logo se tornou uma das minhas músicas favoritas, com sua levada soul-funk e vocais que evocavam Elvis Presley, curiosamente nascido no mesmo dia e mês que ele (8 de janeiro, só que de 1935, enquanto Bowie nasceu em 1947).

Sufragette City, de 1972, do seminal álbum Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, só foi devidamente compreendida por mim depois de vários anos. Não muito tempo depois, em 1976, Golden Years fez parte de trilha de novela e deu sequência a minha experiência em relação à obra desse grande artista. No início dos anos 1980, comprei duas coletâneas e começava a ampliar minha coleção dele.

Com o estouro de Let’s Dance (1983), e mesmo um pouco antes, já estava indo atrás dos discos anteriores lançados pelo astro britânico. Vale lembrar que estavam todos fora de catálogo no Brasil, e custavam bem caro nos sebos da vida. Mas, com paciência e juntando cada centavo, fui aos poucos completando minha coleção. Também nessa época, conheci Rosa Kaji, presidente do incrível fã-clube de Bowie no Brasil, que me ajudou muito no sentido de conhecer a obra desse gênio.

Ironicamente, Rosa se mudou do Brasil para os EUA lá pelos idos de 1987 pelo fato de ter como sonho ver um show de seu grande ídolo, e de não acreditar que ele viria se apresentar ao vivo em nossos palcos.

Curiosamente, isso acabou ocorrendo muito antes do que se poderia imaginar, em 1990, durante a turnê Sound + Vision, que em São Paulo passou pelo estádio Palestra Itália, do Palmeiras, em belo show debaixo de chuva que teve abertura dos Titãs.

A Sound + Vision foi uma turnê com repertório calcado nos grandes sucessos da carreira do roqueiro e teve como marca uma bela campanha de relançamento de sua discografia lançada entre 1969 e 1980 pela gravadora RCA, cujos direitos então passaram para a EMI-Odeon (no Brasil) e Rykodisc (nos EUA). Enfim esses álbuns seminais voltavam aos catálogos e puderam ser devidamente apreciados por muito mais gente.

Em 1º de novembro de 1997, Bowie voltou a tocar por aqui como atração principal do festival Close Up Planet, realizado em São Paulo na Pista de Atletismo do Ibirapuera. E mais uma vez a chuva esteve presente, desta vez uma garoa que felizmente não durou o tempo todo. Outro show incrível, repleto de pique e com a sonoridade com tempero drum n’ bass do álbum Earthling, que ele tinha lançado há pouco.

Vale lembrar que esse show de 1997 pode ser considerado mais ousado em termos estilísticos, mas o de 1990 equivaleu a um maravilhoso desfile de grandes hits, tendo a guitarra de Adrian Belew como cereja de um bolo delicioso. Tive a oportunidade de trocar umas rápidas palavras com esse guitarrista, que também tocou com o King Crimson e Talking Heads, no hotel Hilton, onde Bowie estava hospedado. Foi o mais perto que cheguei do roqueiro britânico…

Porque David Bowie é tão vital para a história do rock? Eis uma explicação para ser dada em muitas e muitas linhas. Logo de cara, é por ter sido um artista multimídia quando esse termo nem ao menos existia. Nunca se restringiu apenas à música, mergulhando de cabeça no cinema, teatro, literatura, artes plásticas e o que mais pintasse, sempre com muita curiosidade e procurando aprender o máximo possível. Um verdadeiro operário da arte.

O autor de clássicos como Space Oditty, Ziggy Stardust, Heroes, Let’s Dance e tantos outros nunca dormiu em cima dos louros conquistados. Rock futurista em Space Oditty, glam rock em Ziggy Stardust e Rebel Rebel, soul-funk em Young Americans, experimentalismo eletrônico em Low e Heroes, pop funk rock em Let’s Dance, o cara se renovava constantemente. Sua discografia é uma verdadeira aula de rock.

Ao contrário de muitos inovadores, que pagaram um alto preço por sua ousadia, David Bowie conseguiu criar novidades maravilhosas em termos musicais e vender milhões de discos, além de sempre lotar seus shows pelo mundo afora. Soube se manter relevante, e quando lançou em 2013 um novo álbum de inéditas após dez anos, o sublime The Next Day (leia a resenha desse álbum aqui), tinha milhões de ouvintes dispostos a curtir novamente seu trabalho. Ele sabia se renovar.

Em 2014, mais de 80 mil pessoas tiveram a oportunidade de conferir em São Paulo uma maravilhosa exposição com memorabilia de Bowie (leia matéria sobre esse incrível evento pop aqui), uma rara e preciosa oportunidade de se ter a plena noção da abrangência e criatividade de uma obra seminal em todos os sentidos.

Ele já era uma lenda mesmo antes de nos deixar, imaginem agora, quando infelizmente não o teremos mais por perto. A rigor, trabalhou até muito próximo de seu fim, o que lhe dava muito prazer e força. Aliás, claro que o teremos por perto, sim, ao menos em discos, DVDs, Blu-rays, livros etc. Bowie é trilha sonora eterna!

Young Americans– David Bowie:

Fashion– David Bowie:

– Ashes To Ashes- David Bowie:

– Rebel Rebel- David Bowie:

The Stars (Are Out Tonight)– David Bowie:

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