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Por Fabian Chacur

Nos anos 1990, em meio à fúria do grunge, do heavy metal e do gangsta rap, uma banda irlandesa conseguiu muito sucesso com seu rock melódico, com toques folk, pop e um pouquinho de punk na mistura. Eram os Cranberries, do qual se destacava a cantora Dolores O’Riordan. Na tarde desta segunda (15), seu assessor de imprensa, Lindsey Holmes, anunciou sua inesperada morte, aos 46 anos, ocorrida em Londres. Uma tristeza daquelas…

Nascida em 6 de setembro de 1971, Dolores entrou nos Cranberries (inicialmente The Cranberry Saw Us) em 1990 para substituir o primeiro cantor do time, Niall Quinn. Não demorou para que seu entrosamento com os irmãos Noel (guitarra) e Mike Hogan (baixo) e Fergal Lawler (bateria) se mostrasse dos melhores.

Após lançamentos pela via independente e demos, foram contratados pela gravadora Island, indicados pelo grande Denny Cordell (que descobriu Tom Petty e Joe Cocker, entre outros). O primeiro álbum, Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We?, veio em 1993, e com ele seu primeiro grande hit, a deliciosa Linger.

No Need To Argue saiu em 1994 e ajudou a firmar o sucesso da banda, que trazia como destaque aquela vocalista de cabelos mutantes (ora loiros, ora escuros, ora médios, ora curtíssimos), voz deliciosa e muita personalidade, além das charmosas pintinhas no rosto. A bela Ode To My Family foi o destaque deste álbum, que chegou ao número 2 na parada britânica e ao nº 6 nos EUA. O quarteto irlandês ganhava o mundo.

A energética Salvation e a ótima Free To Decide impulsionaram o álbum To The Faithfull Departed (1996) ao segundo posto no Reino Unido e aos quarto lugar nos EUA. Aí, rusgas entre Dolores e os colegas, assim como problemas pessoas, levaram à banda a um pequeno hiato, quebrado em 1999 com Bury The Hatched, que traz a minha música favorita da banda, a maravilhosamente pop (junto com um clipe mágico) Just My Imagination. Animal Instinct e You and Me são outros destaques.

A partir daqui, os Cranberries passaram a viver tempos de queda de popularidade. O álbum Wake Up And Smell The Coffee (2001) vendeu muito menos do que os anteriores. Após o lançamento da coletânea Stars- The Best Of 1992-2002, o grupo anunciou a sua separação, para a tristeza dos fãs de todo o mundo.

Em 2007, Dolores volta com os cabelos longos e o primeiro álbum solo, Are You Listening?, cuja turnê a trouxe ao Brasil pela primeira vez, com show em São Paulo na extinta Via Funchal. No Baggage (2009), segundo trabalho individual, no qual ela aparecia na capa com um novo corte de cabelo bem mais curto, precedeu o anúncio, algum tempo depois, do retorno dos Cranberries à ativa.

Inicialmente, fizeram apenas shows (vieram ao Brasil em 2010), até que em 2012 lançaram o álbum Roses, que atingiu o 37º lugar na parada britânica, e o nº 33 nos EUA. Something Else (2017), o último CD lançado com Dolores ainda entre nós, trouxe versões acústicas de dez hits da banda, como Linger, Ode To My Family e Zombie, e também três inéditas: The Glory, Rupture e Why.

Dolores também integrou nos últimos tempos a banda D.A.R.K. (ex-Jetlag) ao lado de Olé Koretsky (vocal) e Andy Rourke (baixista- ex-The Smiths). Em 2017, os Cranberries interromperam uma turnê de divulgação de Something Else devido a problemas que a cantora estaria tendo com a sua coluna vertebral, que depois alegou ter superado.

Just My Imagination-The Cranberries: