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Polysom reedita em LP trilha de A Virgem de Saint Tropez

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Por Fabian Chacur

A Polysom está lançando no formato vinil de 180 gramas a trilha sonora do filme A Virgem de Saint Tropez (1974). Trata-se de uma belíssima raridade das mais disputadas em sebos, e que agora ficará disponível a todos os fãs de boa música ligada ao cinema brasileiro. O álbum traz composições de Hareton Salvanini e Beto Ruschel, com direito a 14 faixas.

Hareton Salvanini (1945-2006) foi um pianista, compositor, arranjador e maestro. Ele ficou conhecido ao compor trilhas e jingles para publicidade e TV, atuando em emissoras como a Tupi e a Record, tendo sido diretor musical desta última de 1997 a 2001. Ele também lançou um disco solo em 1973 e produziu artistas como o então iniciante cantor e compositor cearense Ednardo, entre outros.

A Virgem de Saint Tropez (Awakening Of Annie) é uma produção franco-brasileira dirigida por Zygmunt Sulistrowsky e estrelada por Annie Friedman. A trilha do filme traz temas instrumentais envolventes e uma única com vocais, a bela e sofisticada balada Annie (You Can’t Run Away For Your Destiny), interpretada por ninguém menos do que Dudu França, anos antes de seu estouro com Grilo na Cuca.

Trilha do filme A Virgem de Saint Tropez (em streaming):

Waterloo, do Abba, volta em edição luxuosa

Por Fabian Chacur

Em 1974, a música Waterloo venceu o disputado Eurovision Festival e se tornou um divisor de águas na carreira da banda que a compôs e defendeu no evento, o Abba. De um grupo composto por quatro componentes já bastante experientes e conhecidos apenas em seu país natal, a Suécia, iniciavam sua trajetória rumo a um estrelato mundial de grandes proporções. O álbum que marca esse momento, Waterloo (Universal Music), volta às lojas em impecável, luxuosa e imperdível edição comemorativa.

Antes do estouro dessa música emblemática, Bjorn Ulvaeus, Benny Andersson, Anni-Frid (Frida) Lyngstad e Agnetha Faltskog contabilizavam anos de batalha em projetos distintos, e apenas o início de uma disposição em tentar a sorte como quarteto. O batismo com o nome Abba surgiu quase que por acaso, e ficou no fim das contas por causa do fácil apelo em qualquer língua. A ambição do sucesso mundial era evidente.

Waterloo, o álbum, foi feito obviamente para capitalizar o sucesso de sua faixa-título, e ainda mostra um grupo em busca de sua total identidade. As faixas que já mostram esse estilo Abba de se fazer música são a própria Waterloo, a sensacional Honey Honey e a simpática Hasta Mañaña. As outras são bem interessantes, mas abaixo do que o quarteto faria de melhor posteriormente em seus anos de ouro.

A edição comemorativa dos 40 anos de Waterloo é simplesmente sensacional, com direito a capa digipack que abre em quatro partes, encarte luxuoso com ficha técnica completa, fotos lindas e textos detalhando tudo sobre essa fase seminal na carreira do mitológico grupo sueco. Puro capricho. E tem ainda um DVD que é não uma, mas um monte de cerejas do bolo.

Com 45 minutos de duração, o DVD traz nove apresentações diferentes da música Waterloo, desde as da vitória no Eurovision Festival em Londres até a da classificação na eliminatória sueca e outras nas TVs britânica, alemã e de outros países. Temos também três performances de Honey Honey, uma ácida e polêmica entrevista com Frida e o produtor Stig Anderson e galeria de fotos com capas de discos do grupo lançadas em vários países diferentes.

As roupas usadas pelo quarteto nessas apresentações são típicas do visual exagerado dos anos 70, com direito a Agnetha usando um macacão ou coisa que o valha com um decote em forma de coração mostrando o seu umbigo. Inacreditável. O CD traz o álbum original remasterizado e oito faixas-bônus do tipo Waterloo em francês, alemão e sueco e a música Ring Ring, lançada em 1973 e importante na trajetória inicial do Abba.

Essa espetacular reedição do álbum Waterloo é essencial para os fãs do Abba e também por quem deseja conhecer um pouco mais a fundo a fase inicial dessa banda que, trinta anos após a sua separação, continua cultuada nos quatro cantos do mundo por fãs das mais diversas faixas etárias. Fã-clube, por sinal, que continua tendo novos integrantes. Gracias por la música!

Waterloo, ao vivo, no Eurovision Festival, 1974:

Honey Honey (ao vivo em 1974)- Abba:

Before The Flood-Bob Dylan/The Band(Asylum/Sony 1974)

Por Fabian Chacur

Em 2011, Bob Dylan completou 50 anos da gravação de seu primeiro álbum, autointitulado. Curiosamente, ele se mantém até hoje na mesma gravadora, a Sony Music, detentora dos direitos do catálogo da antiga CBS, onde o mitológico cantor, compositor e músico americano iniciou sua consagradora trajetória musical.

No entanto, existe um pequeno hiato no meio dessa permanência espantosa. Em 1974, Dylan resolveu não renovar contrato com a CBS e se mandou para o recém-lançado selo Asylum, do também mitológico empresário David Geffen.

A CBS já não punha mais tanta fé no taco de Dylan, enquanto o artista, por sua vez, sentiu que era a hora de respirar novos ares.

O resultado não poderia ter sido melhor. Ele não só lançou o elogiado Planet Waves, curiosamente seu primeiro álbum a atingir o topo da parada americana, como de quebra fez uma turnê histórica acompanhado pelos velhos amigos do The Band.

Before The Flood, álbum duplo lançado no mesmo 1974, traz registros feitos durante alguns dos shows daquela tour, e é um dos melhores álbuns ao vivo da história do rock. Por várias razões.

A primeira: nunca Dylan cantou tão bem e com tanta fúria como neste álbum. Ele parecia querer dar uma lição em quem o considerava uma relíquia empoeirada dos anos 60, além de mostrar para a garotada que ele continuava na ponta dos cascos. E conseguiu com louvor.

Suas interpretações para clássicos como Lay Lady Lay, Like a Rolling Stone, All Along The Watchtower, Knockin’ On Heaven’s Door e Highway 61 Revisited possuem aura de definitivas, o que a alta qualidade técnica dos registros torna ainda mais evidente.

É lógico que a participação do The Band nessa história é essencial. Uma das melhores bandas de rock de todos os tempos e inventora de um estilo que poderia ser definido como folk-country-soul-rock, o quinteto era simplesmente espetacular, ainda mais ao vivo.

Além de acompanhar o mestre, eles também apresentaram alguns de seus hits nos shows, entre os quais as matadoras The Weight, The Night They Drove Old Dixie Down e I Shall Be Released.

Tipo do grupo perfeito: três vocalistas fantásticos (o baterista Levon Helm, o tecladista Richard Manuel e o baixista Rick Danko), um guitarrista e compositor inspiradíssimo (Robbie Robertson) e um tecladista cuja versatilidade impressionava a todos (Garth Hudson).

Se indivualmente os cinco eram músicos do mais alto calibre, a atuação deles como grupo equivalia a uma mistura perfeita, nas doses certas e com a qualidade técnica e paixão perfeitas.

Nem é preciso dizer que, após lançar esses dois trabalhos magníficos, Dylan foi chamado pelo então homem forte da CBS, o hoje também legendário Clive Davis, para um papo. Em 1975, o autor de Blowin’ In The Wind estava de volta à CBS, de onde jamais sairia.

Os direitos dos dois álbuns lançados pela Asylum também foram adquiridos pela gravadora, que os relançou posteriormente. Ouça abaixo quatro faixas de Before The Flood:

Most Likely You Go Your Way (And I Go Mine)– Dylan & The Band:

Knockin’ On Heaven’s Door– Dylan & The Band:

Lay Lady Lay -Dylan & The Band:

The Night They Drove Old Dixie Down – Dylan & The Band:

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